A burocracia custa caro para o Brasil. Segundo estudo da Fiesp, em 2017, o custo da burocracia por ano é de até R$ 187,6 bilhões.
Assim, visando diminuir esse gasto, a 9ª edição do hackathon da Fiesp saiu em busca da melhor ideia pra desburocratização. E o projeto vencedor trouxe a popularidade que o tema exige.
Espécie de “Reclame Aqui da burocracia”, o aplicativo projetado pela equipe Lighthouse venceu mais de 400 inscritos com uma ideia simples, inteligente e de fácil navegação.
Funciona assim: qualquer cidadão poderá acessá-lo para fazer reclamações por problemas de burocracia em serviços públicos.
Depois, ao fazer uma reclamação, o cidadão pode ver todas as pessoas que também tiveram a mesma queixa. Esta reclamação gera uma pontuação, que é somada a de todas as outras reclamações. Por fim, esta pontuação é conferida ao órgão.
É neste momento que o projeto da equipe Lighthouse, formada por Lucas Adriano, Laura Freitas, Fernando Luz, Eduardo Escobar e Alexandre Goebbels, faz a diferença.
Afinal, essa pontuação gera um ranking público. Nele, órgãos mais problemáticos são os com a maior pontuação – que fica visível para todos. O fiscal agora passa a ter uma ferramenta para ir até o órgão cobrar melhorias, com a pressão popular pública ao seu lado.
“Para o órgão, fica visível exatamente onde estão os problemas. Quando um problema burocrático é solucionado, aquela pontuação é deduzida”, diz Eduardo Escobar, da Lighthouse.
“Assim, todos usuários que fizeram reclamação recebem notificação alertando-os de que fizeram parte da solução.”
Burocracia sem fim
A ideia do aplicativo surgiu, além da vivência do dia a dia, em conversas com fiscais que reclamam do excesso de burocracia. Mesmo com soluções que tentam coibir práticas.
Por exemplo: o decreto 9094/2017, que simplifica processos de atendimento para usuários de serviços públicos. Ele, inclusive, elimina a necessidade de reconhecimento de firma.
No entanto, grande parte dos órgãos não se adequou às mudanças. “Em quase 90% dos casos, a população é atendida por um órgão que utiliza uma burocracia que, por lei, não existe mais”, explica Eduardo.
E como um aplicativo vai conseguir mudar essa situação? “A ferramenta dá para o órgão e para o fiscal uma visão mais clara de onde está o problema. Como, por exemplo, quais são os serviços que não se adequaram a novas normas de simplificação”, finaliza.
Aplicação
Atualmente, o aplicativo da equipe Lighthouse está implementado em uma interface funcional, que pode ser utilizado para testes com usuários.
Além disso, a equipe também já teve acesso ao database interno de CPFs, que podem ser usados para cadastros mais seguros dos usuários.
“A equipe está trabalhando em planos de ação viáveis para lidar com os desafios do projeto. A segurança e autenticação das reclamações, por exemplo”, explica Escobar.
“A natureza política dos órgãos públicos pode torná-los vítimas de ataques em massa para desestabilizá-los, por exemplo.”
Por fim, a equipe também quer tornar a interface a mais trivial possível antes de lançá-la ao público em geral.
“Uma vez que o usuário vai entrar no aplicativo por estar frustrado com um problema burocrático, encarar uma nova burocracia para ter sua reclamação ouvida derrota o propósito do serviço”, finaliza.
