Por que a inteligência artificial veio para ficar

É bom lembrar que a inteligência artificial não é um conceito novo / Luis Pérez/Creative Commons
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É bom lembrar que a inteligência artificial não é um conceito novo / Luis Pérez/Creative Commons
É bom lembrar que a inteligência artificial não é um conceito novo / Luis Pérez/Creative Commons

A inteligência artificial (IA) parece ser a novidade da vez.

Todo mundo está falando sobre o tema e há uma enxurrada de produtos de TI que apresentam diversas variedades de IA, desde algoritmos de aprendizado de máquina até redes neurais e aprendizado profundo.

Nesse cenário, é tentador pensar em IA como apenas mais uma moda que desaparecerá daqui a alguns meses. Mas, por várias razões a IA veio para ficar.

Antes de mais nada, é importante lembrar que a IA não é um conceito novo.

Desde a mitologia grega, a inteligência artificial tem sido um tema recorrente na história da literatura.

A IA moderna – ou seja, alimentada por computador – remete à década de 1950, quando um computador aprendeu a desenvolver sua própria estratégia de jogo de tabuleiro.

A década de 1980 assistiu a uma onda de sistemas especialistas projetados para apoiar profissionais em vários campos, enquanto nos anos 1990 e 2000, sistemas baseados em IA foram utilizados para mineração de dados e pesquisa médica relacionada a negócios, entre outras coisas.

Computação ilimitada

Christian Reilly, da Citrix / Divulgação
Christian Reilly, da Citrix / Divulgação 

O atual pico de interesse em IA é causado por dois desenvolvimentos recentes.

Primeiro, a capacidade de computação e de armazenamento se tornaram incrivelmente baratas.

Nos anos 1950, por exemplo, o hardware de armazenamento capaz de guardar 3,75 megabytes de dados – espaço suficiente para apenas uma fotografia de baixa resolução – era tão grande que precisou ser movido por uma empilhadeira.

Hoje, é possível comprar um pendrive com capacidade para gravar milhares de fotos em alta resolução que cabe no bolso.

Ao mesmo tempo, os provedores de serviços em nuvem tornaram a capacidade de computação e armazenamento aparentemente ilimitada disponível para uso privado e comercial.

A segunda tendência importante é a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês).

Uma enorme variedade de dispositivos – de gadgets móveis a fábricas e instalações – está agora equipada com a tecnologia de sensores. Esses geram uma quantidade cada vez maior de dados que precisam ser processados e analisados.

A interação desses feeds de dados tornou-se tão complexa que as consequências tendem a escapar do olho humano.

Por exemplo, a análise de variações esporádicas no comportamento de uma máquina pode indicar que a manutenção será necessária em breve, uma abordagem de monitoramento denominada “manutenção preditiva”.

Hoje, esses tipos de descobertas de dados de “agulha num palheiro” podem ser realizados de maneira muito mais rápida e precisa com a tecnologia moderna, baseada em inteligência artificial, do que com humanos.

TI e IoT

A capacidade computacional e o armazenamento continuarão a ficar mais baratos e mais poderosos.

Ao mesmo tempo, a necessidade de análise dados complexos aumentará. É por isso que a AI se tornará cada vez mais arraigada no gerenciamento de tecnologia da informação (TI) e IoT.

Nesse contexto, a IA não é mais apenas para pesquisa acadêmica ou análise de tendências de negócios.

Por exemplo, ela pode ser usada para gerenciar e proteger espaços de trabalho digitais, pois pode detectar desvios do comportamento normal dos usuários.

O software especializado, orientado por inteligência artificial, alertará as equipes de segurança assim que, por exemplo, os usuários começarem repentinamente a baixar arquivos de um servidor que nunca haviam acessado antes e para os quais não têm direitos de acesso.

Esse tipo de comportamento, potencialmente um sinal de uma conta de usuário final comprometida, pode ser incrivelmente difícil de ser detectado pela triagem de arquivo de log manual – embora seja uma tarefa rotineira para software de análise de segurança baseado em AI.

De maneira semelhante, a IA em breve ajudará a melhorar a experiência do usuário no espaço de trabalho digital, correlacionando indicadores de desempenho em toda a cadeia de aplicativos, serviços e conexões de rede que eles precisam para seu trabalho diário.

Assim como o cenário de manutenção preventiva numa fábrica, a AI logo correlacionará e analisará todos os componentes de um espaço de trabalho digital, informando a equipe de TI sobre a degradação da qualidade de serviço.

Intuição humana

Novas soluções de software e serviços em nuvem em breve tornarão a IA uma commodity – algo que é integrado a todos os tipos de produtos e serviços, tanto no mercado consumidor quanto na empresa.

No entanto, no futuro previsível, a IA não será capaz de substituir humanos em gerenciamento e segurança de TI, já que não possui intuição humana.

Quando uma mãe repreende uma criança dizendo: “Se todos os seus amigos pulassem de um penhasco, você também saltaria?”, a criança sabe que a resposta deveria ser: “Não”.

Uma inteligência artificial responderia: “Sim!” – pois, se todo mundo faz isso, deve estar tudo bem.

No entanto, a IA é muito boa em encontrar a proverbial “agulha no palheiro”, em repetidas e extensivas análises de dados – tarefas que são muito difíceis para os seres humanos.

Assim, apesar de suas limitações, as ferramentas de gerenciamento de TI baseadas em IA proporcionam grande avanço na criação de espaços de trabalho e ambientes de nuvem digitais mais seguros, eficientes e confiáveis para os usuários finais – economizando tempo e dinheiro da equipe de TI.

  • Christian Reilly é vice-presidente e CTO da Citrix

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