
Todos os dias, empresas que se dizem inovadoras perdem espaço no mercado porque não são velozes o bastante para competir em um mundo cada vez mais complexo.
Independentemente do tamanho da corporação – e eu diria que quanto maior, mais complexo se torna inovar –, é perceptível que as empresas estão presas a modelos que não as ajudam a fazer coisas novas ou de forma diferente, muito menos rapidamente.
Se inovar a partir de uma mesa de ideias, de um processo formal, de pesquisa e desenvolvimento já é complexo, imagine fazer isso com base em fontes externas, por exemplo, em um canal social, do seu cliente?
Velocidade na inovação

Vejamos o exemplo da Tesla, fabricante de carros elétricos americana, fundada pelo inovador Elon Musk. Com ele, podemos entender um pouco mais do que significa ter velocidade no processo de inovar.
Musk recebeu um tuíte que dizia: “@elonmusk the San Mateo supercharger is always full with idiots who leave their Tesla for hours even if already charged” (“os supercarregadores de San Mateo estão sempre cheios com os idiotas que deixam seu Tesla por horas, mesmo que já estejam carregados”, em tradução livre).
Em poucos minutos, o CEO da Tesla respondeu da seguinte forma: “You’re right, this is becoming an issue. Supercharger spots are meant for charging, not parking. Will take action” (“você está certo, isso está se tornando um problema. Os supercarregadores são para carregar, não para estacionar. Tomaremos providências”, em tradução livre).
Até aí tudo bem, muitas empresas respondem rapidamente a um questionamento relevante vindo pelas redes sociais.
A grande sacada foi que, menos de seis dias depois, a Tesla lançou um update de software para todos os carros de sua linha, avisando os proprietários que eles seriam cobrados se deixassem seus carros estacionados depois de finalizada a carga.
A empresa tem mais de 30 mil funcionários e ações na bolsa, deixou de ser startup e mesmo assim, podemos ver tomadas de ações verdadeiramente ágeis e relevantes.
A agilidade não é somente uma forma de desenvolver softwares, ou como um time pode gerenciar seu dia a dia, mas também uma forma de entregar ao cliente o que ele precisa de maneira mais rápida e funcional.
Certamente as opções que os times da Tesla tiveram para resolver a questão eram muitas, e poderiam ter criado um modelo complexo, que levaria semanas, meses para poder ser implementado.
Mas, no lugar disso, tomaram a decisão de fazer algo simples que resolvesse o problema dos clientes rapidamente.
Modelo ágil
Muitas empresas começam a pensar em todas as alternativas, criam planos e mais planos, tudo isso de maneira quase que natural, sem nem se dar conta, pois o jeito de fazer é esse.
Aprovam o orçamento, colocam na turma de tecnologia, depois criam um projeto, fazem uma RFP (solicitação de propostas), e por aí vai.
Antes mesmo de o trabalho começar, já se passou um bom tempo e, quando realmente começa, o time já não se preocupa mais com o problema do cliente, mas com o escopo do projeto em questão, que a essa altura pode ser qualquer coisa bem distante do problema do cliente.
No modelo ágil, o time é autônomo, toma decisões que resolvam o desafio da maneira simples e o mais rápido possível. Isso faz com que as equipes não estejam preocupadas simplesmente com o que foi planejado e com o que está em sua lista de tarefas.
Colaborativamente, constrói algo relevante, aproveitando o que tem, minimizando os esforços e resolvendo o desafio.
Quando uma empresa que compartilha um objetivo comum, executa-o de forma ágil em todos os seus níveis e tem maior poder de entregar o que realmente interessa aos clientes – seja uma corporação de milhares de funcionários ou uma pequena startup –, o resultado é uma inovação rápida e que faz sentido para todos.
- Rodrigo Domingues é head de Digital Business da Cognizant Brasil