‘Precisamos acordar e usar a inovação para vencer a crise’

Em Florianópolis, as empresas de tecnologia já são as maiores geradoras de ISS para os cofres públicos / Divulgação
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Crise: Em Florianópolis, as empresas de tecnologia já são as maiores geradoras de ISS para os cofres públicos / Divulgação
Em Florianópolis, as empresas de tecnologia já são as maiores geradoras de ISS para os cofres públicos / Divulgação

A última edição do Índice de Inovação da Bloomberg, divulgado no começo deste ano, coloca o Brasil numa situação bastante desconfortável. Entre as 50 economias mais inovadoras do estudo, estamos na 46ª posição.

Atrás de nós estão países como Chipre, Cazaquistão e Marrocos, que não são notadamente reconhecidos pela vocação tecnológica.

Para chegar a essa posição, os responsáveis pelo levantamento analisaram fatores como investimentos em pesquisa e desenvolvimento, concentração de empresas de tecnologia e produção de valor agregado com patentes.

Comparados aos 89 pontos obtidos pela primeira colocada no ranking, a Coreia do Sul, fizemos pouco mais de 46. Dessa forma, será difícil sair da crise que nos atinge.

Digitalização

Diego Brites Ramos, da Acate / Divulgação
Diego Brites Ramos, da Acate / Divulgação

Para os que pensam que essa leitura é deveras alarmista, a comprovação de que o cenário é mais preocupante do que muitos pensam vem por meio de uma outra pesquisa, organizada pela consultoria americana McKinsey e divulgada no final de 2016.
Ao apurar quanto a digitalização pode contribuir para o desenvolvimento dos países e a transformação das suas economias, os pesquisadores chegaram à impressionante cifra de US$ 205 bilhões.
Isso é quanto nosso país vai perder em oportunidades até o ano de 2025 caso não reveja, de forma rápida e eficiente, as políticas sobre a forma de lidar com a tecnologia.
Contribuem para esse resultado a falta de investimentos mais fortes em pesquisa e desenvolvimento, de melhorias nas operações e cadeias de suprimento das empresas e na gestão de recursos e de eficiência do mercado de trabalho, por exemplo.
Por causa dessa dificuldade em perceber que o rumo das grandes economias do mundo aponta para a tecnologia, o Brasil tem um Produto Interno Bruto (PIB) digital de apenas 1,7% do total.
O que é curioso, ainda conforme a pesquisa, é que nós somos uma das nações que passam mais tempo na internet, sobretudo em redes sociais — mesmo com um gargalo na infraestrutura de telecomunicações, com investimento de cerca de US$ 300 per capita.
A internet é a terceira fonte de informações mais importante para os consumidores, nos colocando aqui acima dos Estados Unidos (7ª posição).

Falta de investimento

O que falta no país, sobretudo nos governos federal e estaduais, é visão para reconhecer um fenômeno que está alinhado com o sentimento de mudança que muitas pessoas têm demonstrado mundo afora.

A digitalização, que deve movimentar US$ 19 trilhões na próxima década, vai facilitar o crescimento do PIB das economias que mais precisam, permitindo-as respirarem aliviadas depois de se afastarem da crise que as incapacita.

Investir nisso traz, além de uma concepção totalmente nova para as relações entre cidadãos, empresas e governos, mais focadas na agilidade, eficiência e transparência, a retomada da geração de empregos e o fortalecimento de quem tem o poder de fazer a economia se aquecer novamente: os empreendedores.

É por isso que Florianópolis, a segunda cidade mais favorável ao empreendedorismo do país segundo o índice da Endeavor, tem conseguido mudar a própria imagem.

De recanto exclusivamente turístico, a capital de Santa Catarina ganha cada vez mais destaque por ter um ecossistema propício à tecnologia, que atrai empresas de outras cidades (recentemente o Peixe Urbano transferiu a sede do Rio de Janeiro para a ilha no Sul do Brasil)  e já é o maior arrecadador de Imposto Sobre Serviços (ISS) para os cofres públicos.

Objetivo maior

Iniciativas como a criação do Sistema Municipal de Inovação, regulamentado recentemente na cidade e que cria um fundo, um programa, uma rede de promoção e um plano de execução da inovação, ajuda a reverter a tendência de instabilidade trazida pela insistência nas formas mais tradicionais de produção.
O mundo ideal é aquele que une governo e empresários em torno de um objetivo maior, como a busca da melhoria do ambiente de negócios.
Isso diminui a barreira ao surgimento de novos empreendedores e dá condições a todas as empresas de inovar, o que é essencial para aumentar a eficiência e a capacidade de competição num mundo globalizado.
Vamos acordar agora, e usar a crise a nosso favor, ou esperar o barco afundar para chamar por socorro?

  • Diego Brites Ramos é diretor da Vertical Conectividade da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate)

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