Rio de Janeiro
Ir ao hospital para fazer tratamentos básicos de saúde pode se tornar algo raro nos próximos anos. O conceito de “at-home hospital care” (assistência hospitalar no domicílio) é uma das apostas de modernização do setor de saúde.
Em sistemas at-home, apenas tratamentos de doenças agudas são feitos no hospital tradicional. O conceito foi discutido durante o evento Innovation Summit, da GE Healthcare, realizado ontem (26/9) no Rio de Janeiro.
Jörgen Nordenström, professor de cirurgia do Instituto Karolinska (Suécia), apresentou o modelo como uma forma de o mercado se adequar às novas tecnologias.
Nesse conceito, pacientes fariam o próprio monitoramento em casa por meio de dispositivos tecnológicos. As informações geradas seriam encaminhadas aos médicos nos hospitais, onde fariam o monitoramento dos dados e o controle de possíveis crises.
Com a transferência dos pacientes para a assistência hospitalar no domicílio, o setor de saúde conseguiria diminuir os custos e aumentar a produtividade, na opinião do especialista.
“Os pacientes hoje já estão muito integrados com o mundo da internet, por isso seria mais fácil implementar esse sistema. Além disso, eles gostam de saber o que está acontecendo com eles. O atendimento domiciliar melhora a vida dos pacientes e a produtividade do sistema”, disse.
O pesquisador afirmou que há forte tendência de os próprios pacientes optarem por comprar dispositivos tecnológicos mais caros para terem mais acesso a informações da própria saúde e se manterem distante dos hospitais.
Nordenström defende ainda que, com o novo sistema, será possível adotar um modelo de medicina personalizada. Com isso, os médicos teriam mais precisão na hora de definir o diagnóstico.
“Hoje avaliamos o paciente depois de uma série de exames que fazemos no hospital, naquele momento. Com o acompanhamento domiciliar teremos precisão do diagnóstico, que levará em conta multicamadas de informação, incluindo as que são coletadas diariamente pelo próprio paciente”, disse professor.
Produtividade dos hospitais
Para que o mercado de saúde participe de vez do processo de inovação e aumento de produtividade, no entanto, é preciso que o setor passe a olhar mais para outras tecnologias.
Soluções em internet das coisas, vestíveis, smartphones, big data e mídias sociais foram apenas alguns dos aspectos apontados como fonte de informações essenciais para os hospitais e que ainda são pouco usados pelo setor.
A automatização dos processos também foi apresentada como uma forma de aumentar a produtividade dos hospitais. Com isso, os profissionais da saúde estariam mais focados em atender o paciente, ao invés de gastar tempo com trabalhos burocráticos.
Daurio Speranzini Jr, presidente da GE Healthcare na América Latina, diz que o Brasil ainda está longe de conseguir acompanhar as mudanças acontecidas em outros países.
“Acredito que ainda precisamos fazer algo mais básico, como o cadastro único do paciente. Uma espécie de RG da saúde para que os dados daquela pessoa em todas as unidades sejam compartilhadas”, afirmou Speranzini.
- A repórter viajou a convite da GE Healthcare