BELO HORIZONTE
Como a Faber-Castell inova aos 255 anos? E, principalmente, como inova quando seu negócio é majoritariamente de produtos físicos?
Foram essas e outras perguntas que Fábio Carvalho, gerente de inovação da empresa no Brasil, respondeu na última semana.
Ele conversou com o inova.jor durante o Fire Festival, evento de inovação da startup Hotmart sobre negócios digitais.
Assim, dividindo espaço com Twitter, Duolingo e LinkedIn, a Faber-Castell mostrou como inovar.
Mesmo sendo centenária e tendo o lápis de cor como seu principal produto.
É difícil levar a inovação para uma empresa de 255 anos?
A área de inovação foi criada pelo próprio CEO da Faber-Castell. Isso acabou contaminando a cultura da empresa de uma maneira muito evidente.
Além disso, mesmo sendo centenária, a Faber-Castell sempre olhou para a inovação.
A diferença é que antes olhávamos para a inovação do produto. Agora, olhamos para inovações em novos territórios e negócios.
Isso, felizmente, até contagiou outros setores. Chegou ao ponto de que o pessoal do financeiro veio me perguntar como me ajudar.
Assim, acabamos trabalhando processos ágeis, que transitassem entre os setores, mas de maneira eficiente e que respeitasse a história da empresa.
E qual é a principal inovação da Faber-Castell agora?
Quando veio a ordem de inovarmos, percebemos que era um passo enorme. Estamos inovando aos 255 anos!
Como levar a agilidade de uma empresa nova e ágil para uma empresa enorme e histórica como a Faber-Castell? Era uma folha em branco. Deveríamos escrever os próximos 250 anos da empresa.
Assim, depois de muito estudo, percebemos que levamos mais do que material escolar ou lápis de cor para as pessoas. Levamos criatividade. Queríamos o mundo mais criativo.
Por isso, a partir disso, criamos espaços makers para despertar a criatividade das crianças.
Afinal, como preparar uma criança para o século 21 com uma sala de aula do século 19?
Como funciona isso?
Primeiramente, criamos um espaço maker no Shopping Market Place, em São Paulo. Lá, abrimos um espaço para que escolas levassem crianças para desenvolver o raciocínio maker.
Temos uma equipe de educadores que propõe desafios. As crianças, enquanto isso, trabalham a criatividade para contar histórias e elaborar projetos de maneira criativa.
Mas não queríamos só isso. Também levamos salas makers, elaboradas pela Faber-Castell, para escolas como Dante Alighieri e Mackenzie.
Há um espaço parecido com o do shopping, mas que é modulável.
Os temas e os desafios da sala mudam a cada bimestre, para fazer com que as crianças se mantenham interessadas e a criatividade continue a se trabalhada.
Queremos colocar criatividade e empatia nos currículos das escolas.
É difícil inovar nas escolas?
É até natural que existam barreiras nesse mercado. Afinal, os professores e os pedagogos foram formados num outro conceito.
Por outro lado, há um estímulo ao trabalho de competências e habilidades. A gente vence as barreiras do setor sem impôr nada.
Não temos uma equipe própria da Faber-Castell, por exemplo. Nem trabalhos em horários fora da aula. Não acreditamos em nada isso.
Assim, nós embarcamos nosso projeto no currículo escolar, abrindo um buraco no programa, e capacitamos o professor.
Trabalhamos fortemente a formação do professor para que, quando ele feche a porta da sala, continue a levar nossa inovação para os alunos.
As escolas não abandonam os programas de inovação?
Essa é a grande questão. Desde os laboratórios de informática, passando pelos tablets, a inovação é deixada de lado.
Não adianta colocar uma lousa digital ou construir um espaço maker e achar que isso já está bom.
É preciso pensar a estratégia para usar esses recursos para proporcionar uma educação transformadora.
Por isso a importância de levar a inovação para o cotidiano do professor. Cada sala de aula é uma realidade. Precisamos que a inovação chegue de maneira personalizada.
- O repórter viajou a convite da Hotmart