Inovação precisa ser vista como opção de investimento

Área de marketing tem a grande oportunidade de ser agente de mudança / Renato Cruz/inova.jor
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Usando a inovação como opção de investimento
Inovação pode ser um ativo importante para empresas / Renato Cruz/inova.jor

Existe um grande debate sobre a qualificação da inovação nas organizações. Muitos são os projetos com foco em inovações de processos, produtos, serviços, modelo de negócio e novas tecnologias.

No entanto, nenhuma organização apostará as suas fichas na inovação sem obtenção de resultados. O desafio é o real entendimento do que seria esse resultado.

Diversos estudos conduzidos pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), bem como projetos realizados com grandes e médias empresas, são unânimes e confirmam que a inovação requer fontes de financiamento e investimento.

Entre erros e acertos

Hugo Ferreira Braga Tadeu, da FDC / Divulgação
Hugo Ferreira Braga Tadeu, da FDC / Divulgação

Diante desse panorama, um erro usual é vincular a inovação ao orçamento anual, cujos resultados são ganhos incrementais e não transformacionais.

Neste sentido, é preciso ousar com os projetos de inovação e algumas empresas de tecnologia poderiam ser um claro exemplo.

Não obstante, essas são as empresas líderes em rankings mundiais de inovação. Suas estruturas buscam o alinhamento entre três principais práticas:

  • laboratórios com práticas baseadas no design thinking;
  • pesquisa e desenvolvimento; e
  • maturidade digital.

Logo, não basta pensar isoladamente em temas como lean innovation e movimentos ágeis, pois seus resultados podem ser limitados.

Práticas da inovação

Como primeira prática, os laboratórios de design thinking devem focar nas experiências e demandas dos clientes, na observação de problemas reais e nas sugestões de provas de conceito.

Logo, adotar ferramentas como o canvas e mapa de empatia é técnica simplista.

Além disso, a busca pelo desenho de novos modelos de negócios e arquiteturas tecnológicas avançadas é algo necessário e requer muita profundidade técnica.

Quanto à pesquisa e desenvolvimento é preciso avançar com o modelo normalmente entendido.

Ou seja, este assunto não deveria ser vinculado às pesquisas básicas, como interpretado por muitos renomados executivos.

É necessário buscar o desenvolvimento de novos conhecimentos aplicados e a solução de problemas reais do ambiente econômico. Um bom exemplo seria a divisão de pesquisas da IBM em todo o mundo.

Outros tempos

Já a maturidade digital seria uma combinação de estratégia, processos, recursos, agilidade, nova cultura e riscos assumidos.

Além disso, num mundo em amplo processo de transformação é preciso compreender que os modelos clássicos de planejamento já não são essenciais e apresentam sérios questionamentos quanto aos seus resultados.

O processo iterativo, isto é, de tentativa e erro constantes, é altamente relevante. As práticas do Google, em especial da unidade de investimentos, deveriam ser observadas com muita atenção.

A combinação entre design thinking, pesquisa e desenvolvimento e maturidade digital demanda elementos intangíveis, como senso de propósito, mudança e confiança também.

Assim, para tanto, a agenda aberta em busca de novos aprendizados é bem demandada. Logo, estar envolvido em ambientes com startups, centros de pesquisa, clientes e fornecedores é essencial.

Por fim, é preciso reduzir a ingenuidade para inovar.

Ou seja, desvincular a inovação do orçamento anual e investir em práticas do futuro é algo relevante, entendendo que o tempo para o mercado será determinante para a sobrevivência de vários negócios vis a vis a competição usual por bônus e aos lucros líquidos cada vez maiores.

  • Hugo Ferreira Braga Tadeu é professor e integrante do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. Ele escreve mensalmente no inova.jor.

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