No Brasil, a internet das coisas está só começando

O Brasil precisa de mais estudos em IoT e computação cognitiva, dizem especialistas / Mariana Lima/inova.jor
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O Brasil precisa de mais estudos em IoT e computação cognitiva, dizem especialistas / Mariana Lima/inova.jor
O Brasil precisa de mais pesquisa em internet das coisas, dizem especialistas / Mariana Lima/inova.jor

A internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) representa um mercado de grande potencial. Segundo estudo encomendado pela Progress à Frost & Sullivan, o impacto positivo da tecnologia na economia mundial, levando-se em conta corte de gastos e novas receitas, deve ultrapassar US$ 1 trilhão.
A adoção da tecnologia, no entanto, ainda é pequena na América Latina. A pesquisa aponta que apenas 7% das empresas da região usam IoT, e que 44% afirmam ainda estar “observando e aprendendo”.
No Brasil, a situação não é diferente. Apesar de existir uma grande oportunidade nessa área, as iniciativas das companhias brasileiras ainda estão só começando.
Durante o primeiro dia do 1º Congresso Brasileiro e Latino-Americano de Internet das Coisas, em São Paulo, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), destacou que algumas empresas já começaram a investir.
São Paulo, segundo dados da Fapesp, é o Estado brasileiro cujas empresas mais investem em pesquisa e desenvolvimento. Aproximadamente 60% das empresas de São Paulo investem em pesquisa. A média é maior que a do Canadá e igual a do Reino Unido.
Quando se analisa o Brasil, no entanto, os números não são nada animadores. A média de empresas que investem nessas atividades cai para 39%.
“Observando esses números, achamos que as empresas de São Paulo fazem mais pesquisas, mas não é bem isso. Precisamos levar em conta o fato que o Estado concentra a maior parte da indústria brasileira. Ao decentralizarmos isso, faremos o mesmo com as pesquisas”, disse Brito.
O especialista da Fapesp disse ainda que é necessário firmar acordos e parcerias com instituições de educação para promover a inovação dentro das empresas.
“Interagir com a universidade ajuda as empresas a inovar. As faculdades possuem bons pesquisadores e estudantes que têm capacidades para boas ideias. Firmar essas parcerias pode funcionar como uma espécie de antena de ideias para as empresas”, disse.

Nova pele

A rápida evolução do IoT foi destaque de palestra realizada por Fábio Ganduor, cientista chefe da IBM Brasil. Para Gandour, a versão 6 do protocolo de internet (IPV6, na sigla em inglês) mudará drasticamente a forma de usar a tecnologia.
“Esse protocolo vai permitir uma série abundante de novas possibilidades de conexão, que vai transformar até a própria internet e a forma como a usamos”, adianta Gandour.
O executivo da IBM comparou a rede que se formará quando o IoT estiver em pleno funcionamento a uma espécie de “nova pele”.
“A internet será uma rede contínua que cobrirá toda a terra, com algum conhecimento e que nos deixará debaixo dela”, disse.
O IPv6 foi criado porque a versão anterior do protocolo, o IPv4, já não dava conta do crescimento da rede. Somente 10% da internet brasileira já usam endereços IPv6.
As cidades inteligentes, que tendem a ser a forma mais visível do IoT nos próximos anos, foi tema de apresentação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Carlos Frees, líder dos projetos voltados a cidades inteligentes da ABDI, destacou que o mercado brasileiro ainda precisa crescer bastante para acompanhar o ritmo de outros países.
Para Frees, a implementação de IoT para transformar as cidades brasileiras em espaços inteligentes precisará de estudos específicos, diferentes de outros países.
“O Brasil possui especificidades regionais muito grandes, diferente de qualquer outro país do mundo que queira implementar a smart city. Além disso, a tecnologia é apenas uma ferramenta, quem decidirá como e o que usar serão as próprias prefeituras”, diz Frees.
O evento termina amanhã (2/9).


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