Quatro tendências para a comunicação corporativa em 2021

Lives continuam para quem investe em conteúdo útil / Depositphotos
Compartilhe

Lives continuam para quem investe em conteúdo útil / Depositphotos
Lives continuam para quem investe em conteúdo útil / Depositphotos

Ano passado, a pandemia de covid-19 promoveu mudanças de hábito, seja na forma de comprar, trabalhar ou desenvolver novos produtos e serviços, olhando para as novas necessidades das pessoas. Para a área de comunicação corporativa, o cenário não foi diferente.

Em 2021, os profissionais vão fazer a transição do mundo da doença e do distanciamento social para o ano da vacina, em que os desafios continuam, principalmente no Brasil, já que o entusiasmo sobre a solução para a covid-19 ainda não é uma realidade, sem um cronograma claro para a volta ao cotidiano da população brasileira.

Descrevo abaixo algumas tendências para este ano, que não são novidades, mas é importante que empresas e profissionais do setor acompanhem como estão sendo aplicadas, modificadas e podem trazer benefícios para projetos da área:

1. Lives continuam, mas para quem investe em conteúdo útil

De acordo com uma pesquisa do YouTube/Ipsos, no ano passado, 83% dos usuários do YouTube usaram a plataforma para assistir a lives, sendo que 56% delas acham que livestreams são tão bons quanto acompanhar eventos ao vivo.

O público, que abraçou a novidade, agora se tornou mais exigente. Em 2021, as empresas vão precisar investir em conteúdos de mais qualidade, seja com inovação no entretenimento ou mostrando cenários do setor em que atuam, informações com curadoria de especialistas e conteúdos educacionais.

Também devemos acompanhar novidades em plataformas para comunicação com clientes e funcionários. Uma delas são as plataformas de vendas por live, conhecidas como shopstreamings.

Sucesso na China, em aplicativos como o Taobao, do Alibaba, a solução promete trazer novidades este ano, com foco em bom conteúdo e oportunidades de compra.

A Mimo, primeira startup de shopstreaming do Brasil, já conta com grandes marcas e promete uma plataforma robusta para a participação de empresas de empresas que desejam ajudar o público a comprar sem sair de casa. A startup fica com 20% das vendas realizadas durante as lives.

É importante também ficar de olho no crescimento de plataformas de streamings no país.

O Twitch Brasil, plataforma de conteúdo da Amazon, teve um total de 5,5 milhões de horas vistas pela audiência em 2020.

Apesar da forte associação com o mundo do games, já apresenta bons exemplos de grandes audiências em nichos variados.

Em dezembro de 2020, o duelo Athletico-PR x Vasco foi o primeiro jogo de futebol do Brasil transmitido na plataforma, com narração exclusiva para cada torcida e picos de audiência de 30 mil pessoas, com cobrança de R$ 22,00 por cada assinante. Sócios do Athletico-PR tiveram acesso gratuito.

Já o canal do Raul Lemos, ex-participante do Masterchef Brasil, bateu um milhão de visualizações no ano passado, mostrando que culinária é uma forte comunidade no Twitch.

2. “Toda empresa é uma empresa de mídia” agora é verdade

Há alguns anos, especialistas do mercado apostam nessa afirmação. A produção de conteúdo e criação de canais proprietários nunca deixou de ser um bom negócio e trazer bons resultados na linha do tempo, mas poucas empresas tomaram a decisão de criar seu próprio núcleo de criação de notícias. Qual o motivo dela se tornar mais real em 2021?

– Com o crescimento das fake news e problemas de credibilidade no conteúdo disseminado das mídias sociais, as pessoas estão buscando bons curadores e fontes confiáveis de conteúdo para ajudar no entendimento do mundo atual e desmistificar questões complexas. Essa é uma oportunidade para as empresas ocuparem esse espaço.

– Os influenciadores, principalmente os especialistas de diversos setores, estão em transição para construir e promover suas próprias marcas comerciais, o que limita o uso pelas marcas.

– Com os algoritmos de mídia social sendo tão voláteis, muitas organizações que só investiram no social nos últimos anos serão forçadas a dar um passo para trás e ver como podem fazer com que o público chegue até eles.

– Os profissionais de comunicação estão se concentrando cada vez menos no relacionamento com a mídia tradicional. Ela ainda é muito importante para o relacionamento da empresa, mas os especialistas devem começar a olhar para a reputação ao seu redor, buscando novas formas de se relacionar com os públicos de interesse.

– As ferramentas de planejamento e criação de conteúdo estão mais acessíveis e baratas, permitindo que organizações de pequeno e médio porte possam ter sua pequena redação planejada para o longo prazo.

Para conseguir resultado em um projeto como esse, é necessário que a empresa entenda o potencial do seu negócio para ser curador de tendências do seu setor, como usar de conteúdo educacional para atrair visitantes sem ser muito enfático na venda do produto ou serviço e ter um excelente acompanhamento do cenário em que está inserida, conseguindo passar de forma simples e clara informações de interesse de seus públicos.

Aqui, muitas vezes é necessário contar com ajuda de uma equipe ou consultoria externa para ajudar sua equipe a dar os primeiros passos.

3. Maturidade na comunicação corporativa digital

O trabalho da comunicação corporativa se torna cada vez mais estratégico, sendo o pilar fundamental para saber como a marca deve se posicionar com base em dados e o uso adequado de ferramentas e tendências do mercado.

Por esse motivo, a comunicação será cada vez mais próxima das seguintes áreas em 2021:

C-Level

Não existe uma empresa impecável, uma vez que elas trazem impacto para o mundo, mas mostrar que são conscientes, responsáveis e inovadoras é um caminho obrigatório e essa tendência só cresce nos últimos anos.

As áreas de comunicação corporativa terão de trabalhar lado a lado dos principais executivos para garantir uma conversa com o público que permita mostrar sua conformidade com práticas ESG e garantir a integridade da marca, mapeando riscos e possíveis problemas que podem ser enfrentados em qualquer setor da organização.

Também haverá um foco maior em trazer a liderança para uma conversa mais próxima dos públicos da empresa, além da necessidade de educar toda a organização para entender o papel de cada um na comunicação da marca, como um representante e responsável pelos resultados. Esse item é muito conectado ao item 2 deste artigo.

RH

Com a adoção do trabalho remoto e as mudanças rápidas relacionadas à inovação, a comunicação corporativa deve trabalhar cada vez mais próxima do RH para envolver e engajar funcionários, dando especial atenção ao bem-estar e saúde mental, disseminação de cultura da empresa e criatividade. Essas ações exigirão adoção de novas tecnologias, treinamento e um plano forte de comunicação interna.

Customer Experience

As pessoas estão buscando formas de conversar nos ambientes digitais de forma mais íntima. O crescimento de uso dos grupos de Facebook, WhatsApps e Best Friends do Instagram, indicam com isso. E com as marcas não deve ser diferente.

A troca de dados da comunicação com a área de CX deve ser cada vez maior, permitindo que a empresa entenda melhor o que os clientes desejam em cada ponto da jornada e possam oferecer experiências mais íntimas, o que permite a criação de micro-comunidades mais efetivas.

A marca de cosméticos coreana Glow Recipe lançou uma conta privada no Instagram (@RealGlowGang) para que seus clientes possam falar diretamente com a marca e outras clientes, ajudando a ter uma conversa mais franca sobre os produtos da empresa.

4. Mudanças de comportamento no ambiente digital

As pessoas estão usando as mídias sociais para humanizar a comunicação digital, reconectar com valores importantes (e muitas vezes esquecidos na correria do dia a dia), valorizar a comunidade e encontrar conforto em tempos de dificuldades e muitas mudanças. Por esse motivo, alguns comportamentos são mais relevantes para este ano e vão direcionar pessoas e marcas na comunicação. Aqui eu seleciono 2 tópicos relevantes, sendo um de impacto positivo e outro que deve ter a atenção das marcas:

Em alta: Tik Tok como termômetro da cultura digital

De acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, o aplicativo ficou com a 13ª posição entre os que mais ganharam espaço nos smartphones dos brasileiros em 2020, sendo que em 2019, ele não fazia parte desse ranking.

Sua ausência na lista até então poderia ser atribuída à juventude da sua base de usuários, já que a pesquisa é feita com pessoas com 16 anos ou mais. Isso indica que o aplicativo chegou em diversas faixas etárias, com o investimento da empresa na parceria com influenciadores e patrocínio de programas populares como o Big Brother Brasil.

A influência do TikTok, que vai muito além de seus usuários. Está mudando a cultura, os influenciadores e a maneira como é pensado e distribuído um conteúdo de alta popularidade nas redes sociais.

Atenção: conteúdo de autoajuda

A categoria de autoajuda domina a lista de livros mais vendidos no Brasil. Durante os principais meses da pandemia, entre o período de 16 de março até 19 de julho de 2020, o resultado não foi diferente.

O reflexo dessa preferência também pode ser visto nas redes sociais, com o aumento de conteúdos relacionados ao gênero em posts, discussões e conteúdo feito por influenciadores.

Empresas e pessoas devem tomar cuidado com esse crescimento. Apesar de trazer audiência e engajamento rápido, isso pode fazer com que sua marca não consiga mostrar personalidade e não seja identificada na linha do tempo.


Compartilhe
Publicação Anterior

Como novas tecnologias podem ampliar o saneamento

Próxima Publicação

Conheça seis lançamentos da CES 2021

You might be interested in …

Chris Wanstrath, do GitHub, e Satya Nadella e Nat Friedman, da Microsoft / Divulgação

Por que a Microsoft decidiu comprar o GitHub

Compartilhe

CompartilheA Microsoft confirmou hoje (4/6) a compra do GitHub, plataforma para desenvolvedores de software, por US$ 7,5 bilhões. A aquisição reforça a estratégia da empresa de software no mercado de computação em nuvem. Houve um […]


Compartilhe