Enquanto a economia privada tem se adaptado bem às demandas do novo normal para sair da crise, o setor público registra importantes baixas, agravando boa parte da recessão econômica que o Brasil enfrenta desde que os casos de covid-19 começaram.
A arrecadação dos Estados é um dos fatores centrais do problema e vem sendo alvo de discussões nos últimos meses.
Panorama atual
O desafio fica claro quando olhamos para os indicadores estatais.
Segundo o Comitê Nacional de Secretários da Fazenda, as unidades da federação perderam ao menos 20% do total de arrecadação no segundo trimestre do ano, considerado o auge da pandemia.
Falando de São Paulo, os números também são preocupantes.
De acordo com a prefeitura da capital será preciso de pelo menos seis anos para que a cidade volte aos níveis de arrecadação equivalentes ao começo de 2020.
A diminuição no volume de tributos é decorrente de uma grande bola de neve: a necessidade de isolamento social fez com que a economia do país parasse na sua maior parte.
Como consequência, muitas pessoas perderam o emprego e vem enfrentando então, dificuldades financeiras.
Esse fenômeno levou muitos brasileiros a deixar algumas obrigações de lado, incluindo o não pagamento de tributos e serviços.
No Distrito Federal, por exemplo, já é possível identificar o aumento de inadimplência com o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA).
De acordo com a Secretaria de Economia do Estado, até agora apenas 44% do valor esperado do primeiro tributo foi arrecadado.
Os números relativos ao imposto de veículos também foram menores.
Com isto posto, entendo que solucionar essa questão talvez dependa de iniciativas tão complexas quanto o problema.
É preciso levar em conta, que as arrecadações mudam de um estado para outro e que as regulações também são diferentes.
Inovação na economia
Porém, uma coisa é certa: em qualquer lugar do país, olhar para o setor privado, principalmente no ecossistema de tecnologia e startups, pode representar um caminho para a resolução desse imbróglio.
Digo isso porque essas empresas têm em seu DNA características muito importantes para o momento que vivemos, como rápida adaptabilidade, criação de soluções customizadas e altamente tecnológicas, além de grande potencial para enxergar problemas e criar formas para facilitar a vida das pessoas.
Esses pontos podem ajudar a lidar com questões como alta burocracia, dificuldade de atendimento ao cliente que são recorrentes em empresas do Estado.
Seja na criação de soluções de parcelamento de débitos de tributários, no lançamento de tecnologias para diminuir a evasão escolar, com ferramentas para fornecer crédito para pessoas e empresas, na divisão – por meio de geolocalização – de espaços na areia da praia para a manutenção da distância social no dia de hoje, e até mesmo dando suporte para o Estado na produção de EPIs e outros insumos de saúde, as startups têm criado soluções satisfatórias, altamente seguras, tecnológicas e de rápida implantação, o que prova que, mais do que nunca, elas estão prontas para contribuir com o Brasil de forma mais ampla.
Contar de forma cada vez mais contundente com a ajuda da tecnologia para melhorar a gestão estatal já vem se tornando uma realidade.
E a prova disso foi a criação do Brazil Lab, aceleradora sem fins lucrativos que ajuda startups brasileiras a fazerem negócios com o governo.
A ideia é justamente uma forma de fortalecer laços entre empreendedores e setor público.
A questão é: essa iniciativa precisa ser a longo prazo, uma vez que podemos ser aliados permanentes, levando a administração pública para outro patamar.
- Diogo Cuoco é fundador e CEO da Taki Pay