A constante troca de experiências com empresas de relevância no cenário brasileiro, no que tange aos centros de referência em inovação do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, sugere que há uma necessidade em repensar a gestão e adoção de práticas para inovação.
Recentemente, fui indagado por executivos de grandes empresas com as algumas questões. Haveria algum padrão de gestão da inovação no Brasil e no mundo? Caso a resposta seja positiva, como harmonizar processos e pessoas?
Qual o perfil das lideranças, dados os desafios de curto e longo prazo? Como estimular a estratégia para uma visão de futuro? Fundamentalmente, como proporcionar a confiança e criar um ambiente em que a franqueza nas relações seja viável?
Modelando
Pesquisas recentes indicam que as maiores taxas de retorno sobre o investimento em negócios acontecem quando a opção não está centrada em processos ou produtos. Mas em modelos de negócios.
Aliás, este último tema vem gerando mais confusão no entendimento do mercado do que deveria. Muitos entendem que “modelos de negócios” é uma área do conhecimento da inovação. Engano!
Assim, trata-se de um desdobramento dos estudos da estratégia competitiva, através da compreensão da capacidade operacional e planos de ação.
Ao compreendermos que modelos de negócio podem ser a chave para o crescimento sustentado, deveríamos nos debruçar em como estimular um ambiente favorável e instigante para as pessoas.
Portanto, a relação com “empresas de relevância” vem destacando o quanto a pressão por resultados financeiros estimula a falta de alinhamento de processos, dado a alta competição por números.
Além disso, a busca por faturamento crescente vem derrubando a capacidade inovadora organizacional.
Liderança e inovação
Líderes relevantes são aqueles que estimulam valores como autonomia, relacionamento constante com clientes e ambientes em que a pressão por resultados seja mais equilibrada.
Resultados de uma recente pesquisa conduzida por uma empresa de consultoria global indicam que as empresas de futuro são aquelas em que o conhecimento tem um peso significativo na sua estratégia.
Um ótimo exemplo para análises é a Apple, supostamente uma das empresas mais inovadoras do mundo. Ledo engano, novamente!
Assim, na lista das mais inovadoras do mundo, ela não aparece nem entre as dez companhias mais expoentes. E sendo o critério central de avaliação o retorno sobre o investimento para desenvolvimento de produtos.
A relevância do seu crescimento poderia ser explicada por um ambiente favorável à criação, processos bem estruturados e a busca por novas tecnologias.
Finalmente, estudos no campo da psicologia e da neurociência proporcionam análises em que o crescimento empresarial somente é possível quando as relações humanas e entre unidades de negócio apresentam confiança.
Quando as relações são de autoridade e poder, tem-se uma clara deterioração do ambiente e dos resultados.
Por fim, conclui-se que a melhoria das práticas de gestão e inovação devem passar antes pelo repensar dos relacionamento empresariais, pessoais para que, consequentemente, os resultados sejam melhores.
- Hugo Ferreira Braga Tadeu é professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral. Ele escreve mensalmente para o inova.jor.