A Samsung anunciou na noite desta terça (8/4) a chegada da primeira televisão QLED 8K no mercado brasileiro.
O aparelho, apresentado pela empresa em janeiro, tem resolução de 33 milhões de pixels.
Para efeito de comparação, a tecnologia 4K apresenta cerca de 8 milhões de pontos na tela.
O preço, no entanto, ainda é alto. Chamada de Q9000 e com a pré-venda marcada para sábado, a versão de entrada da televisão, com 65 polegadas, sai por R$ 25 mil. Já a de 75 polegadas custa R$ 38 mil, enquanto a de 82 polegadas fica na casa dos R$ 90 mil.
No segundo semestre, a marca ainda pretende lançar a de 98 polegadas. O preço, porém, não foi definido.
A qualidade impressiona. Quem senta na frente da televisão 8K fica em dúvida se o que está passando na TV é algo real ou filmado.
As cores são mais definidas, enquanto o branco e o preto atingem o extremo de pureza na tela por conta da tecnologia de pontos quânticos.
E há uma boa diferença quando comparada com o 4K, que já tem atraído a atenção do público pela qualidade.
“Hoje, 41% de nossas vendas são de TVs com tecnologia 4K”, disse Erico Traldi, diretor de produto da área de TV da Samsung Brasil. “Imaginamos que o 8K vá pelo mesmo caminho.”
O que fazer com o 8K?
No entanto, impossível não surgir a dúvida enquanto se está sentado diante do aparelho: e daí?
A tecnologia é interessante e impressiona, mas o conteúdo ainda não existe. Pior: não está nem perto de existir.
Os testes com 4K, antecessor desta nova TV, começaram no Brasil apenas com a Copa da Rússia.
Fora isso, há conteúdo em streaming – principalmente nos serviços Globo Play, YouTube e Netflix, que ampliaram uso dessa tecnologia.
Durante a apresentação do televisor no Brasil, executivos da Globo Play demonstraram ter interesse em produzir conteúdo em 8K.
Afinal, a emissora já fez gravações com essa tecnologia para o Carnaval do Rio de Janeiro com a emissora japonesa NHK.
Mas os planos para esse conteúdo na casa das pessoas é algo distante – talvez só pra Copa de 2022.
“O Globo Play tem sido nossa janela de inovação”, afirmou Marcelo Souza, diretor de produtos da plataforma de streaming. “Provavelmente vamos fazer algo parecido com o 8K com o que fizemos com o 4K”.
Atualmente, a distribuição de produtos em 4K se concentra no Globo Play, com séries como Ilha de Ferro e Justiça.
Mas, por enquanto, os executivos não apresentaram nenhum projeto com a nova tecnologia.
Transmissão de imagens
Afinal, mais do que ter o aparelho e realizar gravações, a questão que norteia a tecnologia é como transmitir as imagens.
Há mais de 10 anos, quando chegou a TV digital chegou ao Brasil, em alta definição, as emissoras receberam um novo canal, para conseguirem transmitir, simultaneamente, em analógico e digital.
Como o desligamento da TV analógica, um dos canais de cada emissora foi realocado para as comunicações móveis de quarta geração (4G).
Atualmente, não há espectro disponível para transmissão em 4K ou 8K. O que foi feito até agora no Brasil se limitou aos serviços de streaming.
No entanto, mesmo a transmissão por streaming esbarra em problemas. É preciso ter uma conexão rápida, acima dos 100 megabits por segundo, para ter exibição estável do material.
Solução temporária
Nos questionamentos feitos pela imprensa na apresentação dessa TV, a Samsung saiu pela tangente e relativizou a demora da chegada de conteúdo.
E, por fim, usou outra tecnologia como argumento para validar a Q9000 no Brasil: o upscaling.
Assim, por meio de um sistema de inteligência artificial, a televisão busca melhorar o que está sendo exibido na tela.
Dessa maneira, a 8K oferece um 4K melhorado, mas que ainda não consegue alcançar a totalidade de qualidade dessa tecnologia de transmissão do novo televisor.
“Não temos data definida para a chegada dessa tecnologia. O 8K impressiona e a evolução deve ser rápida. Até mais do que o 4K”, disse Traldi. “Mas, enquanto isso, os usuários conseguirão ter uma experiência melhor por conta do upscaling. É algo que nenhuma outra televisão consegue oferecer.”
8K pelo mundo
Apesar do otimismo de Traldi, o 8K é uma tecnologia ainda em experimentação em vários lugares do mundo. Inclusive nos países que, geralmente, saíram à frente na transmissão digital.
No Japão, a primeira transmissão totalmente 8K ocorreu no final de 2018 com a exibição da cópia restaurada de 2001: Uma Odisseia no Espaço, por meio de satélite.
Desde dezembro, a emissora japonesa NHK começou a transmitir um canal especial em 8k, das 10h às 22h. Como a produção em 8K ainda é pequena, os programas são repetidos várias vezes durante a semana.
- Correção: Diferentemente do informado na primeira versão do texto, o modelo de 82 polegadas foi incluído na pré-venda.