Com mais de um smartphone ativo por habitante, o Brasil é um país conectado pela ponta dos dedos, independentemente das nossas desigualdades regionais e sociais.
Professores e, principalmente, alunos não escapam dessa tendência e estão imersos no mundo digital para trocar mensagens com amigos e familiares, postar fotos e ver séries e filmes.
O próximo passo, que já está em andamento, é usar o celular como ferramenta pedagógica.
A pesquisa TIC Educação 2016, realizada pelo Cetic.br, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostrou que 39% dos docentes afirmam utilizar o dispositivo para realizar alguma atividade com os alunos, sendo 36% em escolas públicas.
O estudo é feito desde 2010 e avalia a infraestrutura de tecnologia da informação e da comunicação em escolas públicas e privadas de áreas urbanas, assim como a apropriação dessas ferramentas nos processos educacionais.
Há uma infinidade de plataformas que oferecem conteúdo de alta qualidade, que passa por curadoria cuidadosa e que pode ser acessado livremente por professores e alunos.
A Escola Digital, que já foi customizada por 22 estados e municípios do país, é uma delas e conta com 22 mil recursos de aprendizagem, parte deles alinhados com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como planos de aula, atividades, vídeos, jogos e simuladores.
A melhor parte de tudo, sem custos.
Comunidade digital
A tendência das plataformas não é exclusiva do Brasil, mas sim global, com grandes players como Khan Academy, Coursera, Udacity e até mesmo o YouTube se destacando não apenas nos dispositivos móveis, mas também nos desktops.
A dinâmica é bem parecida com a das nossas redes sociais e o processo parece uma evolução natural da maneira como ensinamos e aprendemos.
É possível montar listas de reprodução, classificar conteúdos que mais chamaram a atenção, fazer buscas, navegar por categorias, produzir novos recursos, deixar comentários e interagir com outros usuários, formando uma comunidade digital.
Materiais multimídia, especialmente hoje em dia, com os quais estamos acostumados por conta das mídias sociais, deixam a aula muito mais interativa e dinâmica.
Os recursos também podem ser uma solução para a falta de estrutura de informática da rede pública brasileira, já que os professores e alunos só precisam de uma rede wi-fi e de seus próprios celulares para ter acesso a uma infinidade de ferramentas de qualidade.
Por isso, é importante que as escolas ofereçam redes de internet de qualidade, além de equipamentos de apoio como projetores e sistemas de som e formações para que os professores saibam melhor como aproveitar o universo digital em seu cotidiano.
Ainda segundo a pesquisa da TIC, o uso da internet em sala de aula está disponível em apenas 43% das escolas públicas, isso porque a rede costuma ser de uso exclusivo das salas dos professores e da direção.
Plataformas eficientes
Vale lembrar que boa parte dos estados brasileiros conta com legislação que proíbe o uso de celulares em escolas.
No entanto, a lei permite o uso do aparelho para iniciativas pedagógicas. Porém, a prática das escolas tem sido proibir de maneira geral o uso do celular em sala de aula, o que é um desafio para o uso de plataformas eficientes como as que mencionamos acima.
É claro que a tecnologia sozinha não consegue promover as grandes mudanças que a educação pública brasileira tanto anseia, mas ela também não pode ser deixada de lado porque representa um potencial sem limites para nossos professores e alunos.
- Maria Slemenson é gerente de projetos do Instituto Natura