Por que a AT&T decidiu comprar a Time Warner

A HBO, que produz séries como Westworld, pertence à Time Warner, alvo de compra da AT&T / Reprodução
Compartilhe

A HBO, que produz séries como Westworld, pertence à Time Warner, alvo de compra da AT&T / Reprodução
A HBO, que produz séries como Westworld, pertence à Time Warner, alvo de compra da AT&T / Reprodução

Ontem (22/10), a AT&T, maior operadora de telecomunicações dos Estados Unidos, anunciou a compra do grupo de mídia Time Warner, por US$ 85,4 bilhões.
Além do estúdio de cinema dono de franquias como Batman e Harry Potter, a Time Warner controla canais como HBO, CNN e Cartoon Network.
O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades regulatórias, o que não deve ser um processo fácil. A principal operação da AT&T no Brasil é a empresa de TV paga Sky.
O anúncio foi feito num momento em que as operadoras de telecomunicações buscam novas fontes de receita, diante da conclusão de que o negócio de conectividade tem se mostrado cada vez menos sustentável.
Uma parte crescente do dinheiro gerado pelas comunicações vão para empresas de internet como Google, Facebook e Netflix, e as companhias de infraestrutura enfrentam dificuldades para remunerar suas redes.
Para fazer frente às gigantes da internet, as operadoras de telecomunicações norte-americanas decidiram verticalizar suas operações e investir em conteúdo.
Outro exemplo desse movimento foi o anúncio em julho da compra do Yahoo pela Verizon, operadora que já é dona da America Online (AOL) e do Huffington Post.

Operações verticais

Segundo estudo da EY, no ano passado, as teles perderam 8% de seu faturamento de voz para os serviços chamados over-the-top (OTTs), prestados via internet.
Entre 2005 e 2012, o volume de chamadas celulares caiu pela metade dos Estados Unidos.
Divisão do mercado de telecomunicações em 2015 / EY
No ano passado, os serviços via internet, conteúdo e publicidade já ficaram com 10% das receitas das telecomunicações.
Na cadeia de valor do setor, essa foi uma das duas únicas áreas que cresceram, ao lado de varejo e distribuição.
O avanço das teles depende hoje da verticalização de suas operações, principalmente em conteúdo e serviços via internet.
Executivos de telecomunicações apontam os serviços de TV e vídeo como os mais promissores para aumentar a receita
Na pesquisa da EY, feita antes do anúncio da aquisição, executivos de telecomunicações apontaram a área de TV e vídeo como a mais promissora para obter crescimento de receitas.
Esse interesse em vídeo de qualidade não é exclusividade das operadoras. Ele é essencial em serviços por assinatura e também valoriza a audiência na venda de publicidade.
Em agosto, o BuzzFeed anunciou suas reestruturação em duas unidades: notícias e entretenimento, ambas com foco na produção de vídeo.

Poder de mercado

A grande questão da fusão entre AT&T e Time Warner é a concentração de poder de mercado, principalmente nos Estados Unidos.
Entidades de defesa do consumidor e concorrentes temem que a nova empresa poderia dificultar o acesso de competidores ao seu conteúdo, ou tornar mais fácil o acesso de consumidores ao conteúdo próprio nas suas redes.
Num momento que empresas como Google e Facebook oferecem facilidades que substituem serviços tradicionais de telecomunicações, as teles veem o conteúdo como um ativo estratégico para enfrentar a competição.


Compartilhe
Publicação Anterior

Setor precisa de novas políticas públicas

Próxima Publicação

‘Regras do setor são incompatíveis com o mundo digital’

Veja também

Telefonia móvel acabou se tornando responsável pela universalização das telecomunicações / Geraldo Magela/Agência Senado

Expansão do setor melhora a competitividade

Compartilhe

CompartilheAs telecomunicações são ferramentas essenciais para a inovação em todos os setores da economia, e as empresas brasileiras encontram-se num momento em que precisam aumentar sua capacidade de competir no cenário mundial. Na edição mais […]


Compartilhe
O smartwatch da Apple deixou recentemente de ter aplicativos importantes como Google Maps / informedmag.com/Creative Commons

Para onde vai o mercado de relógios inteligentes

Compartilhe

CompartilheO relógio inteligente (ou smartwatch) já foi apontado o sucessor do smartphone como grande sucesso do mercado de eletrônicos de consumo. Mas a previsão não se concretizou. No ano passado, as vendas mundiais do produto […]


Compartilhe