Empresa de tecnologia da informação (TI) procura profissional com ou sem experiência, formado ou estudante de cursos na área, para contratação imediata. Remuneração: a combinar. Benefícios: ambiente de trabalho moderno, flexibilidade de horários, possibilidade de aprendizado e participação em projetos que ajudam a transformar a sociedade.
Parece um anúncio de emprego ideal, não? Para muita gente, uma vaga dessas é daquelas oportunidades únicas, que não se repetem e precisam ser agarradas imediatamente — e ela ainda será disputada por muitos concorrentes. Mas isso é só impressão.
Esse anúncio é fictício, mas poderia estar em qualquer lugar que ofereça vagas e dificilmente seria retirado após seu preenchimento. O motivo, surpreendente para a maioria dos profissionais de áreas distantes do mundo da tecnologia, é a demanda por mão de obra com um perfil raro de se encontrar: o profissional ultraqualificado.
Para termos uma ideia do tamanho do buraco na lei da oferta e demanda na área de recursos humanos das empresas de TI, o estudo Network skills in Latin America, desenvolvido pela consultoria IDC a pedido da multinacional Cisco, mostra que, até 2019, faltarão quase 450 mil profissionais para preencher vagas de trabalho abertos na região.
Falta qualificação
O problema atinge o Brasil, enquanto maior país do continente, que já apresentou déficit de trabalhadores na área em 2015: faltaram 195 mil pessoas capacitadas, para emprego em tempo integral. Mas por que isso acontece?
Enquanto recrutadores, percebemos que a maior dificuldade para encontrar profissionais é justamente a falta de qualificação. No passado, para trabalhar com tecnologia era fundamental que o candidato tivesse bagagem acadêmica exclusivamente na área de TI.
Hoje, há muitas opções que, por conta da evolução da sociedade e do mercado de trabalho, acabam convergindo ou dependendo da tecnologia, o que dá uma sensação equivocada de que isso é suficiente para ser contratado como um especialista no segmento.
É preciso compreender que as soluções avançaram muito e, apesar de as redes serem cada vez mais ubíquas – isto é, invisíveis e onipresentes –, o conhecimento para ser um profissional desejado tem de ser mais profundo.
É preciso reunir várias habilidades: bom relacionamento, comunicação, autonomia e criatividade são alguns deles. Entender as mudanças que acontecem por meio da computação em nuvem, internet das coisas e big data também é fundamental.
O mundo de hoje tem pouca semelhança com o de 10 ou 20 anos atrás. Mas a busca constante pelo conhecimento nunca fica desatualizada.
- Vandriani Misturini é coordenador de Recursos Humanos da IPM Sistemas