As fintechs, empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros, devem crescer exponencialmente no Brasil nos próximos anos. O cenário positivo é baseado no aumento da confiança no setor de tecnologia e nas instituições financeiras brasileiras.
As conclusões fazem parte do Trust Barometer, estudo realizado anualmente pela Edelman em 18 países.
Segundo o estudo, a inovação das fintechs deu um novo gás ao sistema financeiro nacional. O Brasil aparece no ranking dos 10 países com alto índice de confiança nos dois setores.
Rodolfo Araújo, especialista de conhecimento da Edelman Significa, defende que a relação de confiança dos brasileiros com a tecnologia está relacionado à usabilidade do setor.
“Usamos cada vez mais produtos e serviços com tecnologia. Essa proximidade das pessoas com o setor é muito importante para criar confiança. Além disso, há a simbologia. As pessoas veem a tecnologia como um elemento facilitador na vida delas”, diz o especialista.
Apesar disso, o estudo aponta tendência de queda de 2% na confiabilidade no setor de tecnologia no Brasil.
“A curto e médio prazo tende haver uma estabilidade com ligeira queda nesse índice. A diminuição do controle do usuário na sua própria privacidade e na segurança de seus dados é um fator que, se não for trabalhado pelas empresas, deve forçar a diminuição da confiança”, explica Araújo.
Amadurecimento
O sistema financeiro foi outro setor que retomou a confiança dos brasileiros. Para o especialista, o índice é resultado do amadurecimento do setor.
“Alguns fatores conspiram para o aumento desse índice. O sistema financeiro brasileiro é muito sofisticado com regulação e tecnologia superior a de muitos países. Além disso, as instituições estão investindo em mostrar ao cliente que eles possuem um proposito, uma causa social que vai além de administrar o dinheiro do cliente, o que ajuda no fortalecimento das relações de confiança”, diz.
Ao contrário de tecnologia, o setor financeiro tem expectativa de crescimento no índice. Isso, segundo Araújo, ocorre pela possibilidade de alto investimento, característica das instituições financeiras.
Segundo o estudo, as fintechs tendem a aproveitar a maré de confiança do brasileiro para ganhar de vez o mercado nacional.
“As pessoas estão buscando mais crédito e com valor mais acessível e barato, além de ter um relacionamento mais próximo e personalizado, que são características dessas empresas”, explica o especialista.
Para Araújo, o conhecimento dos diferentes tipos de fintechs será outro fator que deve ajudar neste crescimento. “O consumidor brasileiro ainda precisa ser educado. A maioria das pessoas ainda não sabe que pode fragmentar a vida financeira em diferentes empresas. Acredito que este será o próximo passo para alavancar o mercado”.
Atualmente, o mercado de fintechs no Brasil é composto 31% por empresas de pagamento. As startups de gerenciamento financeiro e empréstimos e negociações ocupam a segunda e terceira posição, com 18% e 16% do mercado, respectivamente.