Desde o fim do Programa Apollo, em 1972, as missões espaciais tripuladas ficaram circunscritas à órbita da Terra. Antes de criar a SpaceX, em 2002, Elon Musk procurou no site da Nasa o plano da agência espacial americana para levar o homem até Marte e, ao não encontrar, achou que estivesse procurando no lugar errado. Quando percebeu que o governo dos Estados Unidos não planejava financiar um projeto desse tipo, criou sua própria companhia de exploração espacial para assumir o compromisso.
Musk, que também fundou a montadora Tesla, esperava lançar sua primeira missão para Marte em 2009, sete anos depois de lançar sua empresa. Mas construir foguetes é mais difícil do que o empresário imaginava. Apesar de sucessos históricos (a SpaceX foi, por exemplo, a primeira empresa privada a enviar um veículo até a Estação Espacial Internacional, em 2012), a missão para Marte foi adiada para 2026.
Ao lançar a Tesla, Musk jogou toda a indústria automobilística numa corrida para viabilizar o carro elétrico, mercado do qual o setor parecia já haver desistido. Com a SpaceX, o empresário deu o impulso que os EUA precisavam para criar uma missão para Marte. A Nasa planeja enviar uma missão tripulada para o planeta na década de 2030.
‘Perdido em Marte’
O filme Perdido em Marte, que está em cartaz, retrata uma missão ao planeta, e mostra como dependemos da tecnologia para sobreviver. O astronauta Mark Watney (Matt Damon) encontra-se sozinho num ambiente extremo, hostil à vida, e consegue se manter somente aplicando seus conhecimentos de ciência. Não costumamos enfrentar condições inóspitas como as que encontrou o astronauta, mas somos tão dependentes da tecnologia quanto ele.
Com a confiança que tem na capacidade do ser humano de domar os fenômenos naturais e usá-los em seu benefício, Watney consegue manter o ânimo enquanto espera uma possível missão de resgate. O filme é uma ode à engenharia, ao pensamento científico e à exploração espacial, num momento em que a Nasa busca fundos para financiar sua missão para Marte.
Ridley Scott dirigiu dois clássicos da ficção científica: Alien, o oitavo passageiro (1979) e Blade Runner, o caçador de androides (1982). Não foi tão feliz quando revisitou o gênero há três anos, com Prometheus. Apesar de não inspirar discussões profundas como os dois clássicos, Perdido em Marte é uma volta à forma para Scott, que nunca foi tão leve e divertido ao tratar do futuro. É um filme tão ensolarado quanto as planícies marcianas que retrata.
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