O mundo corporativo é um organismo vivo. Sofre mutações ao longo do tempo. E um tempo cada vez mais curto.
Por isso, é preciso muita sabedoria, ou muita inteligência, para superar os desafios que se apresentam todos os dias. Sim, todos os dias.
Na verdade, é necessário atuar com essa dobradinha valiosa na gestão: inteligência e sabedoria. Nunca só uma delas.
Ocorre que, desde o início da trajetória profissional do líder, ele é cobrado todo o tempo por inteligência.
Até porque, o primeiro crivo, querendo ou não, passa pelo currículo, formação, cursos de extensão, técnicos ou não, participação em eventos, cargos e empresas em que atuou.
Tudo conhecimento, habilidades técnicas.
Um bom CV, ainda que seja em um primeiro momento, em sua simples leitura, é capaz de classificar o profissional como inteligente, mas nunca como sábio. Nem de longe.
Porque você pode ser inteligente e não sábio.
Mas todo sábio é inteligente? Quero sua ajuda para responder isso. Quem sabe poderá contribuir para esclarecer esse dilema.
Lawrence da Arábia
Na minha busca por entendimento do equilíbrio entre esses dois alicerces da liderança, eu me apoiei na obra do escritor e militar britânico Thomas Edward Lawrence, também conhecido como Lawrence da Arábia, de título Os Sete Pilares da Sabedoria.
Afinal, ele serve de base até hoje para muitas estratégias de coachs e inspira muitos artigos.
Não por acaso, chegou às telas do cinema como Lawrence da Arábia, arrebatando sete Oscars, além da consagração pelo American Film Institute, como um dos dez melhores filmes de todos os tempos.
Então, os sete pilares da sabedoria de Lawrence são:
- o tempo
- experiência da vida reflexiva,
- dar sentido à ambiguidade,
- decidir com bom senso,
- viver a vida com pragmatismo,
- ser empático, e
- ter maturidade emocional.
Qual deles você acha o mais importante?
Antes de responder, é interessante que analise o conjunto. Repare que todos eles estão relacionados à forma como devemos nos relacionar com as pessoas e desenvolver nossas habilidades em nossa caminhada corporativa e na vida pessoal.
Eu refleti e escolhi maturidade emocional.
Penso ser a base de tudo e também a tarefa mais difícil de realizar ao longo de nossas vidas. A maturidade emocional nos remete ao equilíbrio, de tudo, que é um dos maiores desafios da humanidade: conquistar o equilíbrio, uma busca constante.
Assim, equilibrado emocionalmente, acredito ser capaz de dar sentido à ambiguidade, de decidir com bom senso, ser empático, ter uma experiência de vida (mais) reflexiva e aprender a viver a vida com pragmatismo (mas em momentos pertinentes, que exigem praticidade, sem subterfúgios).
Depois de tudo isso, estou muito inclinado a dizer que ser inteligente é saber que é preciso ser sábio para não deixar a inteligência vendar nossos olhos para um bom relacionamento com as pessoas e com nós mesmos.
- Paulo Marcelo é CEO da Solutis