Como está a inclusão de profissionais transgêneros no mercado

Noah Scheffel criou iniciativa para inclusão de transgêneros / Divulgação
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Noah Scheffel criou iniciativa para inclusão de transgêneros / Divulgação
Noah Scheffel criou uma iniciativa para inclusão de transgêneros / Divulgação

Quantas pessoas transgêneros são suas colegas de trabalho? Quantas delas convivem com você em locais como shopping, cinema, atividades ao ar livre e festas?

A grande maioria não saberá responder a essas perguntas, enquanto uma parcela poderá dizer que “não”. E outra, que “nunca prestou atenção”.

Então, onde estas pessoas estão? Simples. Elas não estão!

Cenário

Vítimas da exclusão social, causada pela discriminação, falta de informação e de empatia de uma parcela da sociedade, as pessoas transgênero ocupam o triste cenário da invisibilidade.

A boa notícia é que podemos mudar este quadro. E é por isso que estou aqui.

Eu me chamo Noah, sou um homem trans, tenho 33 anos, duas filhas, sou Coordenador de TechOps na DBServer, em Porto Alegre, e atuo no mercado de tecnologia da informação (TI) há pelo menos 15 anos.

Tive as oportunidades de me qualificar tecnicamente para esse mercado.

Também de me graduar, pós-graduar, tirar certificações, conquistar estabilidade empregatícia e, por isso, sou uma das poucas pessoas privilegiadas deste recorte.

Enquanto estou aqui trabalhando e usufruindo de uma vida com dignidade, 90% de pessoas do meu recorte estão se prostituindo para sobreviver, segundo pesquisas, que também indicam que a expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos.

Considerando as estatísticas, posso ter apenas mais dois anos de vida.

Mesmo sem me conhecer pessoalmente, se essa informação te incomodar, fico ainda mais certo de que podemos mudar o cenário de exclusão de pessoas transgênero no nosso país.

Inclusão de transgêneros

Reconhecendo ser um privilegiado, decidi assumir a responsabilidade de diminuir essa desigualdade.

Então, nasceu o EducaTRANSforma.

É um projeto de impacto social, gratuito, voltado para a comunidade transgênero, com a finalidade de capacitar as pessoas para o mercado de trabalho de TI.

Além disso, contribui com as vivências em todas as esferas da vida, promovendo a inserção desse recorte no acesso à educação, ao mercado de trabalho, à saúde e a outros direitos básicos.

Olhando para o aquecido mercado de tecnologia, que carece de profissionais qualificados, nossa proposta é entregar profissionais capacitados para atender essa demanda.

Assim, consequentemente, vamos transformar a realidade de empregabilidade em que esse recorte está inserido, reverter quadros de discriminação e violência.

Por fim, vamos promover a real inclusão social desse recorte.

Mudanças no mercado

Com o compromisso de ocupar espaços nas empresas de tecnologia, o EducaTRANSforma não só contribui com a inclusão de profissionais transgêneros no mercado.

Mas também possibilita benefícios às empresas, que lucram mais por ter a diversidade em suas equipes.

Em nosso escopo de atuação, capacitamos as organizações para a diversidade, viabilizando os espaços para receberem este recorte com segurança.

Agora, gostaria de fazer um convite para você refletir sobre o quanto o trabalho é importante para que qualquer indivíduo possua acessos à vida digna, saudável e, principalmente, para que possa exercer sua autenticidade com total liberdade perante à sociedade.

Sem trabalho, nada disso é possível. Com toda certeza não é uma realidade que você gostaria de viver. Ninguém gostaria, nem um transgênero.

As pessoas transgêneras existem, resistem e ocuparão os espaços na sociedade e nas organizações a que têm direito.

A cada um de nós cabe reconhecer os próprios privilégios e ter consciência de que todas as pessoas têm direitos iguais: direito de se sentirem seguras, livres e pertencentes aos ambientes que frequentam.

  • Noah Scheffel é coordenador de TechOps na DBServer e CEO do EducaTRANSforma

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