Nos últimos três anos, a Klabin aplicou R$ 70 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação, para integrar suas frentes de atuação florestal e industrial.
A seguir, Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Negócio Celulose da Klabin, fala sobre a estratégia de inovação da empresa.
Como está o investimento da Klabin em pesquisa e desenvolvimento?
A Klabin vem de um ciclo de investimento forte, que buscou atualizar a companhia em novas tecnologias, no que há de melhor no mercado em termos de instrumento de análises laboratoriais.
Agora, estamos dando mais um passo que é sair um pouco da escala laboratorial em direção à escala semi-industrial, que chamamos de unidades-piloto, e cujo novo ciclo recebeu um investimento de cerca de R$ 32 milhões para este e o próximo ano.
No total, a Klabin vinha investindo aproximadamente 0,25% do seu faturamento líquido. Lembrando também que a Klabin dobrou a sua capacidade produtiva com a inauguração de uma unidade de celulose, em 2016.
Então, esse 0,25%, em termos de recursos financeiros, significou mais.
Quais são os próximos passos?
À medida em que desenvolvemos tecnologias e aumentamos a necessidade de novos projetos, temos proposto investimentos a fim de gerar também novos produtos e mercados.
A ambição ainda é a de alcançar algo acima de 0,35%, chegando a 0,50% do faturamento líquido em investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Mas tudo isso desde que tenhamos um propósito.
A Klabin tem feito as coisas sempre pensando num propósito e, se as iniciativas puderem gerar resultado, produtos, novas oportunidades de negócio, então a Klabin aportará mais recursos em pesquisa e desenvolvimento.
Como vocês usam automação e análise de dados?
A Klabin possui fábricas de diferentes idades tecnológicas.
Temos uma no Paraná, fundada em 1946, e que contém equipamentos de diversas gerações.
Temos também fábricas como a Unidade Puma de celulose, inaugurada há dois anos, com um nível de automação sofisticadíssimo.
O que estamos fazendo é equalizar um pouco essas idades tecnológicas, e isso significa investimento em infraestrutura, em equipamentos de campo que possibilitam gerar dados.
Para ter uma base de comparação, na Unidade Monte Alegre, que produz celulose e papel, em Telêmaco Borba (PR), temos cerca de 10 mil pontos de controle.
Na Unidade Puma, em Ortigueira (PR), esse volume chega a 25 mil – a escala é muito diferente.
O que estamos fazendo é trabalhar com sistemas que leem esses dados gerados instantaneamente, os processem e nos ajudem a buscar a melhor receita de funcionamento da unidade para uma determinada condição.
Essa tecnologia, então, é usada para tomada de decisão?
Para guiar a tomada de decisão e para automatizar questões de controles, de qualidade, ter menores variações.
Ou seja, entregar um produto o mais confiável possível ao mercado, e minimizar efeitos de variações na fábrica que nos prejudicam em consumo de químico, de vapor, de energia.
Chamamos esses sistemas de sistemas de controles avançados, os quais leem e monitoram a fábrica em tempo real e fazem autocorreções para ajustes necessários.
Trabalhamos, ainda, em tecnologias de inteligência artificial e em algoritmos que permitam uma retroalimentação desse sistema.
Em resumo, estamos com um esforço grande para equipar plantas com sistemas de controle de equipamentos inteligentes, sistemas de automação e processamento, ao mesmo tempo em que trabalhamos na melhoria de softwares que extraem dados do campo e os transformam em análise que permitem maior eficiência operacional.
É basicamente análise preditiva, para poder pensar lá na frente e ir ajustando o curso?
Isso. Com a vantagem de corrigirmos com a velocidade de um computador e não com a velocidade de uma ação humana.
Qual é sua expectativa para a área de pesquisa e desenvolvimento?
A Klabin tem focado bastante nas chamadas biobarreiras. Isso nada mais é do que utilizar produtos renováveis, oriundos da madeira e de plantas, para gerar produtos que não necessitem o uso de materiais de origem fóssil.
Queremos, com isso, reduzir a dependência de materiais de origem fóssil e reduzir impacto no meio ambiente causado por produtos não biodegradáveis.
Nosso mote é integrar cada vez mais com fontes renováveis e permitir que, no final, nosso produto seja reciclável, renovável, biodegradável e reduza consideravelmente o impacto no meio ambiente.