E se uma luminária começasse a conversar com você no saguão do hotel, e oferecesse presentes, a partir de suas informações pessoais? Pode ser interessante, mas também pode ser muito estranho.
Yihyun Lim, diretora do Design Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), falou ontem (28/2) sobre como identificar necessidades das pessoas para desenvolver produtos e serviços.
A palestra foi feita no Inovabra Habitat, espaço de coworking do Bradesco.
Ela também mostrou tendências tecnológicas como a internet das coisas emocionais e o biodesign, em que bactérias constroem tijolos ou funcionam como sensores em roupas.
A luminária emocional foi desenvolvida num projeto para a rede de hotéis Marriott. Ela funciona como uma interface do programa de fidelidade do hotel.
Ela sabe que o hóspede chegou mais cedo que o esperado e oferece um macchiato. Também dá ao cliente uma entrada para o show de uma banda de jazz do qual ele é fã, que vai acontecer naquela noite num restaurante próximo.
Como pode ser visto no vídeo abaixo, a comunicação é permeada de emojis.
Vale da estranheza
“O design deve projetar relacionamentos, e não transações”, afirmou Lim, que mostrou a internet das coisas emocionais como exemplo. “Ainda é um conceito, mas não está longe de acontecer.”
Mas a experiência de interagir com objetos que expressam emoções pode ser incômoda, como o próprio vídeo mostra. Como evitar isso?
Existe um efeito, conhecido em robótica e computação gráfica, chamado de vale da estranheza.
“Conseguimos enxergar pequenas coisas que não são humanas, mesmo que um robô seja construído para parecer o mais humano possível”, explicou a diretora do Design Lab. “Se ele parecer 99,9% humano, vamos nos concentrar nos 0,1% que não parecem.”
Uma solução para isso seria evitar a imitação da aparência e do comportamento humanos, segundo ela.
Biodesign
O uso de organismos vivos para o desenvolvimento de produtos foi outra tendência apresentada por Lim: “Essa é a nova fronteira do design”.
Um exemplo é a Biomason, que usa micro-organismos para produzir cemento, à temperatura ambiente, sem consumo de combustíveis.
Projetos do MIT usam bactérias como biossensores de transpiração e de fatiga em calçados.
“Muitos projetos ainda são conceituais, pois não sabemos se funcionariam em larga escala”, explicou a pesquisadora. “Um obstáculo ao biodesign é a percepção das pessoas em relação à palavra bactéria.”
Ela defendeu a formação de grupos interdisciplinares e multiculturais para a inovação, e citou uma frase do professor Nicholas Negroponte, fundador do Media Lab, no MIT: “De onde vêm as novas ideias? A resposta é simples: diferenças. A criatividade surge de justaposições improváveis”.