O nascimento das redes móveis de quinta geração (5G) está bem próximo.
As estimativas mais recentes indicam 2020 como o ano em que as redes 5G começam a chegar ao mercado e a oferecer níveis de conectividade sem precedentes.
No entanto, devemos acompanhar seu lançamento partir de 2018, em eventos como os Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang, na Coreia do Sul.
Trata-se de uma promessa emocionante por diversos motivos. As redes 5G vão continuar em foco dentre as “redes de redes”, o que permitirá a convergência de redes fixas e sem fio, para gerar uma evolução de serviços de banda larga móvel, serviços de comunicações críticas ultraconfiáveis e a realização de projetos internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) em grande escala.
Conectividade personalizada
Mas o que podemos esperar para 2020? Como funcionará a tecnologia 5G no mundo real?
Em primeiro lugar, devemos reconhecer as melhorias fundamentais da tecnologia 5G.
Ela não trará apenas melhorias importantes quanto à velocidade de dados e à largura de banda, em comparação com o 4G e o 4,5G (LTE avançado), mas fornecerá a possibilidade de personalizar a conectividade, de acordo com as necessidades de um determinado consumidor, uma empresa, indústria ou agência governamental.
Também proporcionará novas capacidades adaptadas adequadamente a novos casos de uso dos dispositivos conectados.
Por exemplo, os tempos de resposta de baixa latência fornecem interatividade em tempo real para serviços que utilizam a nuvem: isso é fundamental para que tenham sucesso inovações como veículos autônomos.
Por sua vez, o baixo consumo energético dos dispositivos IoT 5G permitirá que objetos conectados, tais como os medidores de energia ou os sensores, funcionem por até 15 anos, sem precisar de qualquer intervenção humana.
Ao contrário de alguns serviços atuais de IoT, cujo desempenho está comprometido por causa das tecnologias sem fio, as redes 5G trarão o grau de desempenho necessário para projetos IoT em grande escala.
De modo geral, o 5G trará muitas melhorias para a banda larga móvel, as comunicações críticas, a velocidade para V2X (comunicação integrada entre automóveis, câmeras de trânsito, semáforos inteligentes etc), a latência e a largura de banda.
Os benefícios incluirão:
- gama maior de dispositivos conectados por unidade de área,
- 99,99% de disponibilidade,
- cobertura total e
- redução de 90% no uso de energia da rede.
Rede virtual
Então, quais serão alguns casos de uso real da tecnologia 5G?
Além dos já mencionados veículos autônomos, que serão baseados em tempos de resposta de latência bem baixa, serviços empresariais baseados na nuvem também serão beneficiados com a tecnologia quando executarem a análise de dados em grande escala. As taxas rápidas de dados serão essenciais.
O fatiamento de rede da tecnologia 5G ou 5G slicing (pelo qual se adaptam as características das redes 5G virtualizadas para cada caso de uso) também vai desempenhar papel essencial.
Permitirá fazer frente às necessidades de comunicação de diferentes empresas, indústrias ou agências governamentais simultaneamente, mas de maneira segura e isolada, com configuração de latência/velocidade adequada.
A tecnologia 5G foi desenvolvida para permitir configurações de rede virtual simples e alinhar melhor custos de rede com necessidades dos aplicativos.
Essa nova abordagem será útil de muitas maneiras, mas, particularmente, permitirá que as operadoras móveis 5G desfrutem de uma parte do mercado de IoT, por meio da entrega de soluções de conectividade rentáveis para aplicativos de largura de banda menor e pouca potência.
É claro que esses são apenas alguns exemplos. O número de casos de uso está se expandindo continuamente, o que torna o futuro da conectividade bem mais emocionante, tanto desde a perspectiva das empresas quanto da perspectiva do consumidor.
De acordo com informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), até fevereiro deste ano o país contava com 242,9 milhões de celulares, uma densidade de 117,34 celulares a cada 100 habitantes.
Projeto 5G Brasil
Hoje, o acesso à banda larga pelo 4G no país segue crescendo exponencialmente e mais que dobrou em relação a 2016. Em janeiro deste ano, o Brasil alcançou um total de 223,9 milhões de acessos em banda larga — desses acessos, 197,1 milhões foram feitos por meio da banda larga móvel.
No início deste ano, o governo brasileiro anunciou a criação do Projeto 5G Brasil, que tem como objetivo fomentar a construção do ecossistema de quinta geração de telefonia móvel e estruturar a participação do País nas discussões internacionais.
Foram criadas cinco comissões temáticas para debater os temas mais importantes, tais como pesquisa e casos de uso; infraestrutura; padronização; ações regulatórias verticais e ações com o mercado; e espectro de frequências.
A duração do projeto é indeterminada e o cronograma de atividades ainda está ainda sendo definido.
Podemos considerar o 5G uma revolução da evolução, pois proporciona maior velocidade, menor atraso nas comunicações, menor consumo de energia e de dados.
- Andre Mattos é diretor comercial de Mobile Services e IOT da Gemalto Brasil