Os investimentos em tecnologia da informação e segurança têm crescido no Brasil. A preferência por software pirata, no entanto, ainda é grande por aqui.
Jodie Kelley, conselheira geral e vice-presidente sênior de combate à pirataria da BSA, esteve no Brasil na última semana.
Ela falou ao inova.jor sobre os riscos para as empresas que optam por produtos piratas.
Que riscos o software não licenciado pode trazer?
Os riscos para a segurança dos computadores são muitos. Isto é especialmente sério agora que as empresas gerenciam altos volumes de informações, informações pessoais de clientes, dados financeiros etc. No ano passado, a BSA encomendou à IDC uma pesquisa sobre a correlação entre as taxas de software não licenciado e malware. Eles encontraram foi uma correlação muito alta. Quanto maior a taxa de software de PC não licenciado, maior a probabilidade de os usuários experimentarem um malware potencialmente debilitante.
Há estudos nesse sentido sobre o Brasil?
Sim. Um outro estudo mostrou que o Brasil tem uma taxa de presença de malware de 31% em softwares não licenciados. Dados como esse mostram a escala potencial do problema que pode levar a questões graves, incluindo ameaças de segurança cibernética, riscos legais e financeiros associados às penalidades de utilização de software não licenciado, bem como os possíveis riscos de reputação.
É possível proteger o produto pirata da mesma forma que o licenciado?
Essencialmente não há nenhuma evidência de que o software não licenciado pode ser protegido com o mesmo grau de eficácia que o software licenciado. Principalmente, isso se deve ao fato de que o software não licenciado não receber upgrades contínuos como o licenciado. À medida que novas formas de malware são criadas a cada dia (por exemplo, 1 milhão de malwares foram criados a cada dia em 2014), as atualizações contínuas de software são criticamente importantes para manter o sistema o mais seguro possível.
Quais são os principais tipos de ataques que ocorrem por meio de software não licenciado?
A gama é muito expansiva aqui em termos de tipos de ataques em geral. Segundo a Symantec, 6% das violações de dados são causadas por roubo de informações privilegiadas, 36% por atacantes e 58% são causadas por um dispositivo acidentalmente exposto (ou seja, sem licença ou desprotegido), roubado ou perdido.
Como isso pode afetar uma empresa?
Somente em 2015, os ataques cibernéticos custaram a empresas em todo o mundo mais de US $ 400 bilhões, com 430 milhões de novas peças de malware descobertas naquele ano (36% de crescimento a partir de 2014). Sabemos também, graças à Symantec, que 65% de todos os ciberataques dirigidos em 2015 atingiram globalmente organizações de pequeno e médio porte. Um outro estudo mostrou que os brasileiros acreditam que a confiabilidade (93%) e o acesso ao suporte técnico (92%) são as maiores vantagens do software licenciado.
Quais são as razões que levam as pessoas a não usar software licenciado?
Ainda não sabemos exatamente, mas o principal motivo parece ser que os software sem licença ainda são muito mais baratos. É impossível competir com os programas piratas que não tem custos de pesquisa e desenvolvimento. Há casos de má gestão de licenças em que o usuário não está ciente ou faz pouco esforço para estar ciente de quantas licenças ele é realmente autorizados a usar. Na BSA, incentivamos todos os usuários a estar cientes de suas licenças e nunca sobreimplantar quaisquer licenças. Também incentivamos os usuários a desinstalar (e, portanto, não pagar em excesso) softwares que eles não utilizam atualmente.
O que pode acontecer com as empresas que usam programas piratas?
No Brasil, as medidas para violações de direitos autorais de software são duras, mas justas. A violação de direitos autorais no Brasil está sujeita a penalidades civis e criminais. Os danos estatutários no Brasil são projetados para servir a um propósito dissuasivo e para desencorajar a conduta ilícita.
Como assim?
A legislação brasileira estabelece que o software deve ser comparado a obras literárias e, como tal, determina que, sempre que o número de cópias infratoras não possa ser determinado, o tribunal deve aplicar um multiplicador de 3 mil vezes. Portanto, é definitivamente do interesse da organização utilizar software legal e evitar as conseqüências econômicas potencialmente graves associadas à captura com software não licenciado.