O mercado brasileiro de energia eólica completou dez anos em 2016. Apesar de recente, esse tipo de energia renovável tem atraído investidores interessados em mudar o panorama da energia no País.
Criada no início do ano, a Delfos Predictive Maintenance é uma das apostas para transformar o setor. A startup cearense venceu, em novembro, o primeiro EDP Open Innovation, em Portugal, e trouxe € 50 mil para investir.
Sua equipe combina engenheiros recém-formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e profissionais experientes do mercado de energia elétrica do Brasil.
Aprendizado de máquina
Os primeiros meses foram de testes e aprendizado. O grupo contou com mentoria de executivos da EDP em Portugal durante cinco semanas.
“Este ano foi basicamente uma etapa de estruturação da prova de conceito, validação da ideia e da metodologia para realmente ver se a nossa abordagem vai trazer resultados de economia e eficiência operacional da indústria eólica no Brasil e no mundo”, diz Guilherme Studart, diretor executivo da Delfos.
A startup usa a tecnologia de aprendizado de máquina (machine learning) para identificar, preventivamente, possíveis problemas técnicos nos parques eólicos.
A identificação acontece a partir de dados gerados por sensores e relatórios de inspeção e manutenção. O aprendizado de máquina é responsável por estruturar esses dados e tirar significado deles.
“Hoje, quando pensam em manutenção preventiva, falam em instalar novas ferramentas de medição. O que a Delfos faz é aproveitar todas as ferramentas que já existem”, diz Samuel Lima, diretor de operações.
“Com o machine learning, conseguimos aproveitar inúmeros modelos preditivos de várias indústrias diferentes e identificamos os padrões de falhas, gerando conhecimento para o parque eólico e para o mercado”, completa.
O aprendizado de máquina é um ramo da inteligência artificial em que sistemas aprendem com a prática, sendo capazes de fazer previsões cada vez mais precisas conforme vão sendo usados.
Retorno de investimento
Entrar num mercado de tradicional, como o de energia elétrica, com uma proposta baseada totalmente em novas tecnologias não assusta os novos empresários.
Para eles, é uma questão de tempo para que os parques eólicos brasileiros percebam que se utilizar da tecnologia pode ser uma boa oportunidade de aumentar o retorno de investimento de maneira rápida e segura.
“Nossa função é otimizar o desempenho operacional dos parques eólicos e escalar o conhecimento operacional. Apesar de ser um mercado mais tradicional, muitos parques se preocupam com eficiência operacional e no retorno do ativo. É com esses, mais dinâmicos, que estamos fechando parceria”, completa Studart.
O próximo ano será de montar projetos-pilotos em três novos parque de energia eólica na Região Nordeste.