Como a tecnologia muda o mercado de vídeo

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Alexandre Montoro, da McKinsey & Company falou sobre as tendências do mercado de vídeo no Brasil / Foto: Mariana Lima/Inovajor
Alexandre Montoro, da McKinsey, falou sobre as tendências do mercado de vídeo no Brasil / Mariana Lima/inova.jor

As grandes empresas de vídeo – incluindo as que prestam serviço via internet – precisarão ser transversais e atuar em diferentes áreas para se manter no mercado na próxima década.
A afirmação faz parte de um estudo sobre uma série de tendências e perspectivas do mercado de vídeo no Brasil e no mundo, feito pela consultoria McKinsey & Company.
A pesquisa foi divulgada hoje (28/11), durante o evento de fim de ano da associação NeoTV.  A abertura do evento contou com a presença de André Borges, secretário de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Empresas transversais

Para Alexandre Montoro, da McKinsey & Company, as mudanças que acontecem no mercado de vídeo, e que devem se intensificar nos próximos anos, serão tão impactantes quanto o que houve no mercado de música anos atrás.
A transformação, no entanto, pode não ser tão ruim quanto foi para a indústria da música. Isso porque, segundo o consultor, o mercado de conteúdo de vídeo tem se preparado mais do que se preparou à época o musical.
Tornar o mercado transversal é uma das tendências para os próximos anos (veja outras na lista abaixo).
Um exemplo disso é a compra da Time Warner pela AT&T, uma operação que aguarda aprovação das autoridades regulatórias.
Outro exemplo é o Netflix, que, com seu conteúdo exclusivo, está entre as empresas que se anteciparam à tendência, numa tentativa de evitar futuras crises.
“O Netflix entendeu logo que, se fosse apenas um intermediário, não conseguiria ganhar a competição com os grandes players. Foi a partir daí que começou a apostar em produção de conteúdo próprio e diferenciado. Agora, ele é muito mais forte para brigar com as empresas tradicionais”, disse Montoro.

Conteúdo amador e redes sociais

A necessidade de ser transversal parte das novas características e preferências do consumidor. Nesse novo cenário, em que qualquer pessoa pode produzir, editar, transmitir e distribuir conteúdo a baixos custos, a forma de descobrir e oferecer novos conteúdos também mudou.
“Hoje não precisamos mais abrir a revista da TV ou esperar uma propaganda para descobrir um conteúdo novo. Descobrimos esses vídeos naturalmente, por meio das redes sociais, com base em compartilhamentos de amigos. A indústria tradicional precisa se adaptar a isso, porque isso não vai mudar”, completa.
Segundo o consultor, o Snapchat, rede social de compartilhamento de fotos e vídeos com validade de 24 horas, é um exemplo de como a indústria tradicional pode usar novas plataformas.
A empresa teria analisado os vídeos e descoberto uma nova forma de produzir conteúdos com base na gravação dos próprios usuários. Essa nova linguagem atualmente é replicada por empresas tradicionais dentro do aplicativo.
“O Snapchat criou uma área dentro do aplicativo chamada Discover. Nela, empresas tradicionais disponibilizam conteúdo para os usuários da rede social. Com o modelo, linguagem e estilo dos próprios usuários”, disse Montoro.

Streaming no Brasil

No caso do Brasil, onde há grande número de usuários de celulares, essas novas tecnologias devem ganhar força sem descartar o papel da televisão.
Isso porque, os aparelhos de TV continuam tendo importância na vida dos brasileiros e a tendência é de ela se manter, segundo a pesquisa da McKinsey. No entanto, as televisões estã0 sendo usadas de uma nova forma.
“É importante que as operadoras e produtoras de televisão entendam e se preparem porque está crescendo muito o número de usuários de televisão para reproduzir conteúdos em streaming no Brasil. A televisão continua em alta, mas está cada vez mais ligada na internet”, disse.
A tendência, segundo Montoro, é que nos próximos anos conteúdos se diferenciem para cada tipo de tela. No Brasil, já é comum o usuário consumir um conteúdo na televisão e acessar outro diferente no celular ou tablet, ao mesmo tempo.

Tendências para os próximos anos

O estudo da McKinsey enumerou 10 grandes forças que vão redefinir a indústria de vídeo nos próximos cinco a 10 anos:

  1. Fragmentação do comportamento de uso dos consumidores por meio de mídias, plataformas e formatos distintos;
  2. Redefinição do engajamento das pessoas com vídeo – mais participativo e personalizado;
  3. O conteúdo único, distintivo continuará sendo um diferencial – a barreira de entrada será menor, mas a barra para diferenciação vai aumentar;
  4. Crescimento na produção de conteúdo – beneficiando os donos de conteúdo e talento;
  5. Aumento da sofisticação do mercado de propaganda – canais tradicionais e digitais com anúncios avançados;
  6. Ambiente competitivo mais heterogêneo – múltiplas frentes de ‘batalha’ e diferentes modelos de negócio devem surgir;
  7.  Aumento da assimetria na dinâmica de competição em termos de escala da audiência, receita e poder de investimentos;
  8.  Modelos de negócio multidimensionais – direto do consumidor e outros modelos;
  9.  Aceleração da transferência de valor entre atores do ecossistema em termos de velocidade e amplitude; e
  10.  Corrida por escala – aumento de pressão por consolidação desde alianças até parcerias e aquisições de empresas.

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