Por que nossas cidades precisam ser mais inteligentes

No Rio, a região portuária recebeu uma série de novos serviços digitais / Renato Cruz/inova.jor
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Cidades inteligentes: No Rio, a região portuária recebeu uma série de novos serviços digitais / Renato Cruz/inova.jor
No Rio de Janeiro, a região portuária recebeu uma série de novos serviços digitais / Renato Cruz/inova.jor

Entre os principais desafios das grandes cidades do mundo está a mobilidade urbana.
Seja pela dificuldade cada vez maior para se deslocar, pela quantidade crescente de automóveis ou pela escassez de locais para estacionar os veículos, ver-se livre desses problemas exige, no curtíssimo prazo, mudar de endereço e escolher uma região menos adensada, infelizmente.
Mas isso não resolve, porque, ao optar pela mudança e não trabalhar na solução, vamos transformar todos os nossos municípios em aglomerados caóticos de imóveis, veículos e gente.
Existe alguma forma de mudar isso, que seja prática, barata e esteja ao nosso alcance?
Sim, e ela passa pela tecnologia.
Imagine que hoje você tem a possibilidade de sair de casa com uma vaga reservada de estacionamento no centro da cidade ou na região a que vai.
Ou, para citar um exemplo pós-automóvel, consiga reservar uma bicicleta por meio do  smartphone, usá-la para se deslocar no dia a dia e depois devolvê-la, tudo controlado remota e facilmente, com o apoio da tecnologia.
Esses cenários podem parecer distantes, principalmente se você estiver lendo este artigo depois de ficar horas num congestionamento, de se frustrar ao tentar usar algum serviço público ou de lidar com uma estrutura excessivamente analógica e burocrática numa era digital.
Mas eles já funcionam em alguns países e cidades inteligentes, e popularizá-los só depende da nossa vontade de compreender as inovações como um fator indispensável à evolução da civilização.

Bairro digitalizado

Diego Brites Ramos, da Acate / Divulgação
Diego Brites Ramos, da Acate / Divulgação

Para ser mais claro, cito o exemplo recente que vi em funcionamento no Rio de Janeiro.
Por conta dos Jogos Olímpicos, a cidade e a região portuária — outrora degradada e abandonada pelo poder público — receberam investimentos de uma parceria público-privada e ofereceram à população pelo menos 15 novos serviços oferecidos de forma digital, inovadora e, por que não dizer, inspiradora.
Foi um caso mundial de bairro digitalizado, dadas as facilidades implementadas e a transformação que ocorreu nesses espaços a partir de uma nova concepção da cidade.
Quando estive lá, fiquei impressionado com algumas novidades simples, mas com impacto positivo muito grande para os cidadãos:

  • quiosques formados por uma tela grande, câmera, microfone e tablet permitem aos turistas conversar online e em tempo real com guias locais, que dão orientações sobre caminhos, atrações e ajudam até em casos relacionados à documentação do visitante;
  • sensores em bueiros informam à central de monitoramento se algum deles está transbordando, para deslocar equipes, consertá-lo e evitar alagamentos;
  • painéis digitais oferecem um mapa atualizado instantaneamente com as rotas do transporte coletivo, informando o tempo exato até a chegada do próximo veículo e quanto dura a viagem.

Não entendo como a mesma sociedade que conseguiu transformar hábitos culturais e de consumo, integrando continentes, pessoas, negócios e soluções por meio de conexões digitais submarinas e via satélite, ainda esteja sujeita a problemas como a falta de integração entre órgãos públicos, que leva um empreendedor a ter de aguardar 107 dias para abrir uma empresa no Brasil (dado do Banco Mundial).
Ou como perdemos horas de convívio com nossos familiares e amigos em congestionamentos para percorrer, em alguns casos, menos de uma dúzia de quilômetros, porque o planejamento urbano não evoluiu com as cidades.
As facilidades disponíveis no projeto piloto do Porto Maravilha são possíveis e podem mudar para sempre a nossa realidade.

Cidades inteligentes

Se analisarmos o ranking das 100 cidades mais inteligentes do Brasil, veremos que oito das dez primeiras posições são ocupadas por capitais, que enfrentam quase exatamente os mesmos problemas de ocupação do solo, mobilidade, alagamentos, insegurança e segregação social.
É lógico que alguma coisa não está funcionando como deveria, e precisa mudar.
Para a consultoria Urban Systems, que levantou quais são as cidades mais conectadas do País, estamos no meio do processo de construir cidades verdadeiramente inovadoras e mais agradáveis de se viver.
Do ponto de vista técnico e da engenharia, temos boas condições de desenvolver iniciativas que melhorem as nossas vidas, principalmente pelo suporte que essa série de dispositivos precisa para compartilhar seus dados: a internet.
A partir da simples popularização das conexões sem fio em locais públicos, que já acontece em alguns locais, poderemos coletar informações que vão subsidiar ações de planejamento e desenvolvimento de políticas públicas para os gestores.
Usar big data, cloud computing e internet das coisas (IoT) para transformar a realidade e os espaços que usamos é ser verdadeiramente inteligente. Por isso precisamos agir, e é imprescindível que seja agora.


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