No ano passado, a pandemia acelerou a digitalização. Tivemos avanços em áreas como comércio eletrônico, meios de pagamentos digitais, trabalho remoto e telemedicina.
Selecionei abaixo quatro tendências tecnológicas para 2021, apontadas por grandes consultorias.
Por trás delas, estão tecnologias como inteligência artificial, big data, internet das coisas e a quinta geração das comunicações móveis (5G).
Inteligência artificial de borda
Os dispositivos que povoam as bordas das redes têm se tornado cada vez mais inteligentes.
A maioria das aplicações de inteligência artificial que conhecemos hoje ainda coleta informações dos dispositivos e roda na nuvem. Mas isso deve mudar.
O aumento do teletrabalho trazido pela pandemia demanda cada vez mais capacidade de rede, o que acelera a adoção da computação de borda.
Segundo a Bain & Company, a inteligência artificial de borda reduz problemas de latência (tempo em que um sinal leva para ir de um ponto a outro) e acelera geração de conhecimento. Ao mesmo tempo, diminui os gastos com nuvem.
No Brasil, o programa Caninos Loucos, do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC), têm projetos nessa área.
O líder do programa, Marcelo Zuffo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), trabalha com o conceito de inteligência de enxame (swarm intelligence, em inglês)
Nesse caso, a interação entre agentes simples e o ambiente dá origem a um comportamento inteligente coletivo.
Indústria 5G
O 5G potencializa a indústria 4.0, que acrescenta uma camada de inteligência à automação iniciada na segunda metade do século passado.
A coleta e análise de um grande volume permite ajustar as operações em tempo real.
Estudo da Qualcomm aponta que, em 2035, o 5G será determinante para a produção de US$ 13,2 trilhões em produtos e serviços ao redor do mundo.
Quando pensamos em indústria 4.0, é bom lembrar que, em inglês, “industry” não se refere somente à manufatura, mas a qualquer atividade econômica.
No ano passado, a São Martinho fechou um acordo com a Ericsson para aplicar a tecnologia 5G à sua usina de cana-de-açúcar em Pradópolis (SP).
MLOps
Há duas décadas, o DevOps aproximou o desenvolvimento de software da operação, melhorando eficiência, qualidade e cumprimento de prazos.
Segundo a Deloitte, chegou o momento de as empresas abandonarem a “inteligência artificial artesanal” e adotar o MLOps.
(ML é a sigla em inglês de aprendizado de máquina e Ops vem de operações.)
“O MLOps ajuda a gerar valor de negócios ao acelerar o processo de experimentação e o pipeline de desenvolvimento, ao melhorar a qualidade da produção de modelos – e tornar mais fácil monitorar e manter modelos de produção e gerenciar requisitos regulatórios”, destacou a consultoria.
Além disso, deve ajudar as empresas a manter seus sistemas aderentes aos protocolos de governança e compliance, além das legislações de segurança e privacidade.
O Gartner deu outro nome para esta tendência: engenharia de inteligência artificial.
Internet de comportamentos
A internet de comportamentos (em inglês, internet of behaviors ou IoB) captura informações pessoais de diversas fontes, como dados de consumo, redes sociais e reconhecimento facial.
Dessa forma, permite que entes públicos e privados as usem para influenciar comportamentos.
O Gartner destaca que a tecnologia que permite coletar e analisar dados está se tornando cada vez mais sofisticada.
Para funcionar, a IoB depende de um equilíbrio entre ônus e bônus, do ponto de vista do consumidor.
A consultoria dá exemplo de um motorista que pode aceitar ter seu carro monitorado para ter desconto no seguro do seu automóvel.
Mas talvez ele não fique tão feliz se a autoridade de trânsito também acessar as informações.
Em algumas regiões, a extensão da IoB dependerá de leis que protegem a privacidade.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor no ano passado. As penalidades previstas por ela serão aplicadas a partir de agosto.
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