Como está a tecnologia aplicada ao ensino e o que vem por aí

A tecnologia abre novas oportunidades para o ensino / Renato Cruz/inova.jor
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A tecnologia abre novas oportunidades para o ensino / Renato Cruz/inova.jor
A tecnologia abre novas oportunidades para o ensino / Renato Cruz/inova.jor

O ensino digital, de certa forma, já é cortejado há muitos anos.

Dos 25 anos em que atuo como profissional de tecnologia, 22 estão ligados à educação, colégios, faculdades e centros universitários.

Além disso, sou professor e já coordenei cursos de tecnologia.

Vivi toda primeira onda da digitalização, antes da era da transformação digital que vivemos hoje.

No início dos anos 2000, a inserção da Internet, do Word, Excel e Power Point eram tidos como revolucionários.

Criado em 1999 e começando a ganhar visibilidade, o Scorm era uma tendência forte já por volta de 2005.

Portais Educacionais começaram a chamar atenção e a Internet ganhou, finalmente, um espaço importante na sala de aula.

Já entre 2008 e 2012, era forte o discurso de conteúdo digital.

Tablets e notebooks já eram dados como materiais didáticos.

Recursos e treinamento

Marcos Sanchez, da Saint Paul / Divulgação
Marcos Sanchez, da Saint Paul / Divulgação

Entretanto, apesar de muitos projetos pedagógicos incluírem essas ferramentas, o que acontecia na prática estava longe de ser um ensino digital.

A base desse obstáculo não estava na tecnologia, mas sim em como ela era incluída.

Na maioria das vezes o uso era o mesmo do livro e do caderno, apenas diminuindo toda a parafernália física.

Outro grande dilema era a falta de treinamento ou escassez de recursos disponibilizados aos professores, o que muitas vezes os deixava desconfortáveis.

Sem dúvida, a adoção da tecnologia no ensino aumentava a acessibilidade, mas em poucos casos melhorava efetivamente o modo de aprender.

Um dos pontos-chave para a mudança que alavancou a educação digital se deu quando educadores começaram a perceber que todos os alunos estavam com um dispositivo eletrônico em suas mãos: o notebook já era mais utilizado do que os desktops, e aplicativos de comunicação e redes sociais eram ferramentas muito comuns.

Jogos eletrônicos simples envolviam os jovens, como no caso do Tetris e depois o Candy Crush.

Esse era o desafio: como utilizar a tecnologia a fim de aumentar o engajamento no estudo ou, melhor dizendo, como de fato utilizar a tecnologia para deixar o aprendizado fluido, prazeroso, ágil, dinâmico e efetivo?

Novas ferramentas para ensino

Tal questionamento fez com que as plataformas de educação se reinventassem.

O aluno precisava ser protagonista do seu próprio aprendizado e o professor precisava ser um catalisador, apresentando o caminho e, principalmente, estar tão familiarizado com o uso da tecnologia quanto seus estudantes.

A partir daí, a gamificação, o uso das redes sociais, inteligência artificial (IA), realidade aumentada e realidade virtual passaram a ser o foco no ensino-aprendizado.

Com essa evolução, o uso de vídeos interativos aumentou e as plataformas começaram a contar com o engajamento de alunos, permitindo que eles estivessem no comando.

Aposta na inteligência artificial

Edtechs surgiram da visão de como as tecnologias poderiam impactar positivamente quem quisesse aprender, de como o aprendizado poderia ser personalizado, aproveitando que o aluno já tinha de conhecimento e mostrando, a partir dos seus traços comportamentais, onde ele poderia investir tempo para aprimorar suas competências e habilidades.

Neste sentido, a IA sempre foi uma das grandes apostas.

Foi possível mapear a personalidade individual e mostrar, assim, como ele aprende melhor.

Algoritmos foram criados para deixar claro ao aluno o que ele já sabe e o que ele realmente precisa aprender.

Além da IA, colocar o conhecimento na mão do estudante, em pílulas de micromomentos, com curadoria de conteúdo feita pelos melhores professores, permitiu com que cada um aprendesse no seu tempo.

Um ponto crucial aqui é poder utilizar a interatividade com vídeos, de forma que os alunos possam ajudar outros alunos por meio de uma rede social, interagindo e aprendendo juntos, mesmo não estando no mesmo espaço físico.

A partir daí, incluir novas tecnologias se torna, talvez não fácil, mas fluido.

Para cada tecnologia se tem um estudo entendendo como ela realmente pode ajudar na melhora do aprendizado, como agrega no processo e não somente substitui algum aspecto analógico.

A interação com voz, por exemplo, permite que crianças e adultos aprimorem suas habilidades quando estudam idiomas e leiam em voz alta para ter sua pronúncia corrigida.

Já a realidade virtual permite que cada vez mais possamos ter laboratórios aumentando o acesso a experimentos de engenharia ou melhorando o entendimento em disciplinas como biologia.

O que vem a seguir?

Isso tudo não seria possível sem a compreensão dos professores e seu consequente engajamento em entender como utilizar a inteligência artificial para fazer a IA efetivamente levar o conteúdo aos estudantes.

O professor se torna onipresente.

E esse é um processo infinito, pois a IA trará “gaps” que serão analisados por professores e aperfeiçoados para que o aluno sempre tenha um aprendizado efetivo.

Nos próximos cinco anos veremos a IA ser aprimorada.

Os assistentes virtuais de aprendizagem devem ganhar grande espaço e auxiliar de forma efetiva não só com conteúdo como na organização e na disciplina a ser estudada.

Encontros presenciais para discussões em grupo devem se tornar cada vez mais incomuns.

Laboratórios virtuais com interação a distância serão  grandes aliados nas áreas de medicina e engenharia.

Simulações e feedback comportamental

Imagine treinar cirurgias complexas por meio de simuladores, construir maquetes virtuais e visitar casas e prédios antes mesmo de serem construídos.

A tecnologia também ajudará estudantes no dia a dia, na análise de sentimentos, e deve contribuir no controle de suas emoções, trazendo não só feedbacks de conteúdo, mas, também, feedback comportamental, sobre como ele se comporta em situações com mais ou menos pressão – e como isso afeta seu desenvolvimento.

Aprender a programar deve ser uma das disciplinas obrigatórias do futuro, além da robótica e internet das coisas que tendem a se popularizar e, com isso, estarem dentro dos currículos de aprendizado.

Um currículo virtual por meio de blockchain listará todas as competências e habilidades adquiridas e certificadas, sejam elas conquistadas em escolas, faculdades ou até mesmo na prática, no dia a dia do seu trabalho.

Toda essa tecnologia será aliada da educação, bem usada e bem aplicada, com ensino híbrido, trazendo um ensino democrático, com alta qualidade e formando profissionais melhores.


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