Existe um grande debate sobre a qualificação da inovação nas organizações. Muitos são os projetos com foco em inovações de processos, produtos, serviços, modelo de negócio e novas tecnologias.
No entanto, nenhuma organização apostará as suas fichas na inovação sem obtenção de resultados. O desafio é o real entendimento do que seria esse resultado.
Diversos estudos conduzidos pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), bem como projetos realizados com grandes e médias empresas, são unânimes e confirmam que a inovação requer fontes de financiamento e investimento.
Entre erros e acertos
Diante desse panorama, um erro usual é vincular a inovação ao orçamento anual, cujos resultados são ganhos incrementais e não transformacionais.
Neste sentido, é preciso ousar com os projetos de inovação e algumas empresas de tecnologia poderiam ser um claro exemplo.
Não obstante, essas são as empresas líderes em rankings mundiais de inovação. Suas estruturas buscam o alinhamento entre três principais práticas:
- laboratórios com práticas baseadas no design thinking;
- pesquisa e desenvolvimento; e
- maturidade digital.
Logo, não basta pensar isoladamente em temas como lean innovation e movimentos ágeis, pois seus resultados podem ser limitados.
Práticas da inovação
Como primeira prática, os laboratórios de design thinking devem focar nas experiências e demandas dos clientes, na observação de problemas reais e nas sugestões de provas de conceito.
Logo, adotar ferramentas como o canvas e mapa de empatia é técnica simplista.
Além disso, a busca pelo desenho de novos modelos de negócios e arquiteturas tecnológicas avançadas é algo necessário e requer muita profundidade técnica.
Quanto à pesquisa e desenvolvimento é preciso avançar com o modelo normalmente entendido.
Ou seja, este assunto não deveria ser vinculado às pesquisas básicas, como interpretado por muitos renomados executivos.
É necessário buscar o desenvolvimento de novos conhecimentos aplicados e a solução de problemas reais do ambiente econômico. Um bom exemplo seria a divisão de pesquisas da IBM em todo o mundo.
Outros tempos
Já a maturidade digital seria uma combinação de estratégia, processos, recursos, agilidade, nova cultura e riscos assumidos.
Além disso, num mundo em amplo processo de transformação é preciso compreender que os modelos clássicos de planejamento já não são essenciais e apresentam sérios questionamentos quanto aos seus resultados.
O processo iterativo, isto é, de tentativa e erro constantes, é altamente relevante. As práticas do Google, em especial da unidade de investimentos, deveriam ser observadas com muita atenção.
A combinação entre design thinking, pesquisa e desenvolvimento e maturidade digital demanda elementos intangíveis, como senso de propósito, mudança e confiança também.
Assim, para tanto, a agenda aberta em busca de novos aprendizados é bem demandada. Logo, estar envolvido em ambientes com startups, centros de pesquisa, clientes e fornecedores é essencial.
Por fim, é preciso reduzir a ingenuidade para inovar.
Ou seja, desvincular a inovação do orçamento anual e investir em práticas do futuro é algo relevante, entendendo que o tempo para o mercado será determinante para a sobrevivência de vários negócios vis a vis a competição usual por bônus e aos lucros líquidos cada vez maiores.
- Hugo Ferreira Braga Tadeu é professor e integrante do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. Ele escreve mensalmente no inova.jor.