Precisamos de novas ideias para um mundo melhor. Nos principais eventos de inovação, os temas têm sido os mesmos. Passam das tecnologias exponenciais à suposta mágica dos algoritmos.
Citam os mesmos casos de empresas norte-americanas e elencam um cenário de tragédia. Desemprego em massa e um futuro radicalmente diferente.
No entanto, há quem, simplesmente, tenha questionado este futuro criado por alguém? Seria este o melhor caminho para a humanidade? Finalmente, quais as fontes dos dados apresentados e que indicam um mundo singular?
Não resta dúvida de que a humanidade está melhor do que anos atrás. Superamos terríveis guerras ao longo da história, desastres naturais, doenças, crises econômicas severas, divergências políticas históricas e, por enquanto, temos resistido à criação de armas letais.
Ao mesmo tempo, conquistamos o avanço dos meios de comunicação, dos transportes, da medicina.
Podemos afirmar até mesmo que avançamos (um pouco) na melhoria da desigualdade social. E que tecnologias como a inteligência artificial já são percebidas como fundamentais para uma nova era.
No entanto, algumas destas conquistas permanecem como desafios significativos em vários campos da sociedade moderna.
Inovação exponencial
A inspiração para um mundo melhor poderia ser uma compreensão dos problemas da vida humana e melhores ideias.
É premente o impacto social para a construção de. Prêmio Nobel em Economia, Paul Romer sugere em suas pesquisas que o aumento das ideias em uma sociedade poderia estimular o crescimento econômico.
Pois bem, como resolver os problemas da educação básica, em que muitos alunos apresentam um quadro de analfabetismo funcional?
Ou seja, não sabem nem ler, muito menos escrever corretamente. Como estes alunos viverão em um futuro em que os desafios da programação e computação avançada estão impostos?
A neurociência já comprovou que, do zero aos três anos de vida, tudo que uma criança precisa é ser bem alimentada, ter um cuidador responsivo, e atenção à saúde.
Isso permitirá que ela desenvolva uma capacidade cognitiva e consiga estabelecer bons vínculos na vida adulta.
Boas ideias para assegurar que as famílias possam cuidar de suas crianças podem garantir o futuro de gerações mais saudáveis.
Cuidados
Outro grande desafio é o saneamento básico. Em muitas cidades, tem-se uma combinação perigosa, considerando um grande percentual da população sem acesso à água tratada e esgoto.
Para muitos pesquisadores, os problemas atualmente enfrentados de saúde pública teriam uma relação direta com os gargalos enfrentados com a infraestrutura das cidades. Tais dificuldades, de novo, impactam até mesmo no aprendizado das crianças.
Ao tratar o tema infraestrutura, seria razoável supor um tempo justo para o deslocamento entre a moradia até o trabalho pelo cidadão comum.
Portanto, cidades com modais interconectados e que convidassem as pessoas a usufruírem do espaço público, talvez derrubasse o mito das cidades construídas para máquinas.
No entanto, as condições desfavoráveis do transporte público, das próprias avenidas e rodovias urbanas roubam tempo, um bem precioso de muitas famílias.
Além disso, não há como fugir das pautas econômicas. Mas esse debate precisa ser realizado com qualidade.
Temas críticos como a melhoria da produtividade, qualidade do emprego, crescimento da renda per capita, mais investimentos em inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento são extremamente úteis quando a agenda de longo prazo de um país está em discussão.
Assim, não será criada nenhuma visão estratégica e de longo prazo sem pensarmos nos temas citados acima.
Segurança pessoal
Finalmente, como ter um mundo melhor quando a violência cresce assustadoramente nos principais centros urbanos?
A violência advém de muitas origens, algumas explicitas, outras nem tanto: roubo nas esquinas, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, descaso quanto ao respeito e aos direitos humanos das mulheres e de tantas outras distorções sociais.
Os assuntos acima não estão esgotados, com outras tantas demandas que não caberiam neste ensaio.
Portanto, a maior inovação exponencial é repensar a humanidade e os caminhos atualmente escolhidos.
Sendo um pouco saudosista, recordo bem dos tempos da infância, com ampla liberdade para ir e vir, da leitura diária em família, tempo para o diálogo, da cidade organizada e oportunidades de trocar ideias, sem as restrições atuais das leis de dados. Qual mundo queremos?
Assim, talvez seja o momento para novas ideias, reflexões, questionamentos e o desenho para caminhos nunca imaginados. Para a inovação exponencial. Vale a profunda reflexão.
Por fim, ideias, quando interconectadas, podem reconstruir o mundo que queremos para nossos filhos. Os algoritmos são apenas a parte técnica dessa história e são nossos filhos e netos quem serão os curadores deste novo mundo.
- Hugo Ferreira Braga Tadeu é professor e integrante do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral