O Internet Trends, relatório anual sobre tendências e negócios na internet elaborado por Mary Meeker, da empresa de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers, foi apresentado nesta semana durante o evento Code Conference, da Vox Media.
O estudo, que já está na sua 23ª edição, é um dos mais aguardados pelo mercado de tecnologia.
Abaixo, alguns dos principais pontos apresentados no relatório deste ano:
Internet é mainstream
O número de usuários da Internet, 3,6 bilhões, superou metade da população do planeta. O adulto médio gasta cerca de seis horas por dia com um dispositivo digital.
De acordo com Mary Meeker, isso significa que a internet alcançou o mainstream e novos crescimentos serão mais difíceis a partir de agora, como é o caso do mercado de smartphones, que parou de crescer.
O aumento das vendas globais de smartphones ficou próximo de zero no último ano. O preço médio de venda recuou globalmente.
Enquanto isso, os aparelhos de baixo custo continuaram a ganhar força nos mercados menos desenvolvidos, disse Meeker.
A busca por voz é uma realidade
A tecnologia de voz está ganhando popularidade, em grande parte devido ao fato de que o reconhecimento de fala pelo Google chega a uma taxa de precisão de 95%.
No relatório anterior, Meeker mostrou que, em 2020, 50% de todas as pesquisas devem ser feitas por voz ou imagem.
O crescimento acelerado de vendas das assistentes virtuais mostra que esse número deve se tornar realidade. Estima-se que haja mais de 30 milhões de dispositivos Amazon Echo nas residências dos usuários, em comparação aos cerca de 10 milhões existentes no final de 2016.
Mensagens instantâneas dominam
Três aplicativos de mensagens – WhatsApp, Facebook Messenger e WeChat – têm mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais. Isso mostra que os usuários gostam e são fiéis a aplicativos simples que focam na experiência.
Os dois maiores aplicativos são o Facebook Messenger, com aproximadamente 1,3 bilhão de usuários ativos, e o WhatsApp, com 1,5 bilhão de usuários. Ambos pertencem ao Facebook.
O lento declínio do varejo físico
Aproximadamente 13% de todas as vendas no varejo vêm do e-commerce. Esse número era de de cerca de 5% há uma década. O Internet Trends deste ano aponta algumas ações que podem acelerar essa queda:
Pagamento móvel é uma realidade: pesquisa em 16 países (incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Canadá) mostrou que cerca de 60% de todas as transações de pagamento são feitas digitalmente e não em uma loja real, com mais de 500 milhões de usuários de pagamentos móveis somente na China.
Mecanismos de busca ajudam a decidir pela compra: buscadores desempenham papel importante nas decisões de compra do consumidor, já que 85% das pesquisas de produtos começam na Amazon ou Google.
A diferença entre as opções de busca é que a Amazon vende diretamente os itens e pode trabalhar essas pesquisas de forma que ajude a impulsionar vendas online na plataforma.
Mídias sociais como o Instagram e o Pinterest também são importantes para impulsionar a descoberta de produtos entre os consumidores dos EUA com idades entre 18 e 34 anos.
Compras pelo smartphone avançam: fazer compras já é a principal atividade dos usuários americanos num smartphone. Uma das gigantes do setor, a chinesa Alibaba, iniciou sua expansão internacional e cresce de forma rápida, mostrando que há muito espaço para avanço do varejo online em todo o mundo.
Para onde vai o dinheiro da publicidade
Os dólares investidos em publicidade digital mais que dobraram de 2014 a 2017 nos EUA. Foram de US$ 43 bilhões para US$ 88 bilhões.
A publicidade online, cada vez mais mensurável, cresce com anúncios em smartphones. E ainda há mais espaço para crescer, uma vez que o investimento em mobilidade ainda não alcançou o potencial de tempo de uso do meio.
Em mercados mais tradicionais, como a mídia impressa, em que se observa uma estagnação no tempo de uso (4%), há uma tendência de declínio no investimento em mídia (9%).
Isso mostra como o meio continua perdendo força e pode perder mais, já que o movimento aponta que o investimento tende a se equiparar ao tempo de uso, de acordo com o estudo.
Os anunciantes dizem olhar cada vez mais o valor de um cliente para a empresa ao longo de todo o relacionamento, como métrica de seus gastos com anúncios.
Isso acontece porque o custo de aquisição de clientes tem aumentado devido à concorrência.
Esse comportamento poderia ser uma saída para mercados de mídia tradicionais, que podem focar mais em construção de marcas do que em entrega de performance.
Serviços personalizados versus invasão de privacidade
Na era da atenção, serviços por assinatura e a personalização baseada em dados são a chave para melhorar a experiência e garantir que usuários passem mais tempo conectados em plataformas como Spotify, Netflix e Stitch.
As empresas digitais vivem um momento de decisão entre o uso de dados para proporcionar melhores experiências ao consumidor e contribuir para a violação da privacidade.
“As autoridades reguladoras querem garantir que os dados não sejam usados de forma inadequada e nem todos os reguladores pensem sobre isso da mesma maneira ”, disse Meeker, apontando para o Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa (GDPR, na sigla em inglês).
Ela destacou o percentual de crescimento do jornal The New York Times, próximo de uma plataforma como o Spotify, ao usar o mesmo princípio de sucesso das empresas digitais: uso de dados, personalização e oferta de degustação do serviço como forma da converter venda.
A personalização de dados para dispositivos móveis feita pela Google permitiu um grande aumento nas pesquisas ¨perto de mim”, o que faz com que as empresas tenham de incorporar esse comportamento às suas práticas de otimização para mecanismos de busca (SEO, na sigla em inglês).
A China avança
Nove entre as 20 maiores empresas de internet do mundo são chinesas, comparadas a 11 dos EUA. Cinco anos atrás, os EUA tinham nove e a China apenas dois representantes.
Veja abaixo o relatório completo Internet Trends 2018:
Você também pode assistir à apresentação:
Acompanhe a análise do inova.jor em 2016 e 2017.
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