Observe atentamente estes dados: o tráfego global anual sobre protocolo de internet (IP, na sigla em inglês) vai alcançar 3,3 zettabytes (ZB) até 2021, quase o triplo do que foi registrado no ano passado.
Esse volume vai corresponder a 30 gigabytes (GB) per capita, considerando que cada usuário terá no mínimo dois ou três equipamentos conectados.
Nesse futuro não tão distante, passarão pela rede um milhão de minutos de vídeo a cada segundo, e as transmissões ao vivo corresponderão a 13% de todo o fluxo mundial de dados.
Já o tráfego de dados móveis deverá aumentar sete vezes até 2021 na comparação com 2016, atingindo 48,3 exabytes (EB) por mês.
Esses e outros números, igualmente impressionantes, fazem parte do levantamento Cisco Visual Networking Index: Forecast and Methodology, 2016-2021, divulgado em junho.
Medidas estruturantes
O que eles mostram? Que se o Brasil não desenvolver uma política de conectividade imediatamente, estaremos condenados a duas situações muito ruins:
- não teremos condição de aproveitar essa profusão de conteúdos; e
- seremos isolados no subdesenvolvimento do mundo virtual, já que o do mundo real faz parte da nossa história há muito tempo.
O pior disso é que essa preocupação não é nova. Há alguns anos, sobretudo com a popularização das conexões banda larga — móveis, inclusive — temos identificado a necessidade de fazer do investimento em conectividade uma preocupação comum dos governos, manifestada por meio de incentivos ao aumento da quantidade e qualidade das conexões e leis modernas e eficazes.
Preocupa-me o fato de que o governo federal ainda não se manifestou sobre como serão as políticas do Plano de Conectividade, apenas disse que não há recursos para a execução dos eventuais projetos.
A posição do poder executivo é que, sem a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 79/2016, a situação financeira não permitirá grandes avanços.
O PLC revisa a Lei Geral de Telecomunicações, negociando os Termos de Ajustamento de Conduta entre a Anatel e as empresas, além da liberação de recursos do Fust.
Evidentemente que o país vive um momento de efervescência política e social, mas a apreciação de medidas estruturantes precisa acontecer o quanto antes.
Redes modernas
Não é mais possível adiar a regulação de uma área tão importante quanto a da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicações.
Temos de ter suporte de qualidade aos investimentos em tecnologia da informação que, só no ano passado, somaram US$ 38 bilhões no Brasil, colocando nosso país em 9º lugar no ranking mundial.
O montante é 2% superior ao registrado em 2015, mas já foi melhor — tanto que já estivemos duas posições acima, no sétimo lugar.
Esse é o caminho para eliminarmos a disparidade entre o que investimos e o que realmente faz diferença para as pessoas e os negócios: acesso a redes modernas, comunicação de qualidade e desenvolvimento.
- Diego Brites Ramos é diretor da vertical Conectividade da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate)