Por que o Brasil precisa de uma nova política industrial

Indústria brasileira precisa de uma política voltada ao mercado internacional / Renato Cruz/inova.jor
Compartilhe

Indústria brasileira precisa de uma política voltada ao mercado internacional / Renato Cruz/inova.jor
Indústria brasileira precisa de uma política voltada ao mercado internacional / Renato Cruz/inova.jor

O Brasil precisa de uma nova política industrial. Na sexta-feira (29/9), o País entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC) com recurso contra a condenação de subsídios à indústria nacional.
A análise do recurso deve levar três meses.
Um processo iniciado pela União Europeia e o Japão questionou incentivos tributários dados a diversos setores, como automobilístico e eletroeletrônico, tendo como base o conteúdo nacional.
Ou seja, a quantidade de peças e partes fabricadas no Brasil que é incorporada ao produto final.
O Brasil tem uma política industrial retrógrada, que consiste em fechar o mercado local e oferecer vantagens para empresas que aceitem produzir aqui.
Por causa disso, as multinacionais acabam decidindo criar fábricas no País com o objetivo de atender o mercado interno, sem competitividade internacional.
Na prática, a pretensa proteção à indústria nacional acaba resultando em preços mais caros ao consumidor brasileiro e, consequentemente, redução de competitividade da economia como um todo.

Oportunidade

O processo na OMC é uma oportunidade de revisar toda a política industrial brasileira, principalmente no que tange à tecnologia e à inovação.
No século passado, primeiro o Japão e depois a Coreia do Sul conseguiram desenvolver uma indústria tecnológica forte voltada à exportação.
No começo dos anos 1990, o então presidente Fernando Collor de Mello acabou com a reserva de mercado de informática, o que derrubou os preços dos computadores no Brasil.
Ao mesmo tempo, o fim abrupto da reserva tirou do mercado a maioria dos fabricantes brasileiros que havia na época, sobrevivendo somente os que eram controlados por bancos.
O desafio, neste momento, é criar uma nova política que permita à indústria local se adaptar e que não acabe com o investimento em pesquisa e desenvolvimento, parte das contrapartidas aos benefícios tributários.
De 2006 a 2015, a indústria eletroeletrônica investiu cerca de R$ 12 bilhões em P&D.
No novo contexto de indústria 4.0 e internet das coisas, o software tem papel cada vez mais importante, e a política industrial brasileira deveria levar em conta isso, principalmente no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento.
Um exemplo dessa tendência é a norte-americana GE, que tem como objetivo estar entre as 10 maiores empresas de software do mundo em 2020.
A política industrial também precisa levar em conta que o desenvolvimento e a fabricação de produtos atualmente acontecem por meio de uma rede internacional de unidades fabris e centros de pesquisa.
E as fábricas instaladas no País fazem parte dessa rede.
Existe muito a ser feito para que a indústria brasileira seja capaz de dar esse salto, inclusive, e talvez principalmente, na formação de mão de obra especializada.
Mas este é o momento de mudar, para que o Brasil não fique mais uma vez para trás.


Compartilhe
Previous Article

TCS abre inscrições para campeonato de programação

Next Article

Como tudo vira serviço no mundo digital

You might be interested in …