O que fazer para não se tornar a próxima Toys ‘R’ Us

A varejista de brinquedos Toys 'R' Us pediu falência nos Estados Unidos e Canadá / Mike Kalasnik/Creative Commons
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A varejista de brinquedos Toys 'R' Us pediu recuperação judicial nos Estados Unidos e Canadá / Mike Kalasnik/Creative Commons
A varejista de brinquedos Toys ‘R’ Us pediu recuperação judicial nos Estados Unidos e Canadá / Mike Kalasnik/Creative Commons

A Toys ‘R’ Us é uma gigante norte-americana do varejo de brinquedos, com cerca de 1,6 mil lojas e 64 mil funcionários. No ano passado, faturou US$ 11,5 bilhões.
Apesar do tamanho impressionante, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial hoje (19/9) para as suas operações dos Estados Unidos e do Canadá.
O principal motivo é a dificuldade de competir com os varejistas online, principalmente a Amazon.
Independentemente do segmento em que atua, toda empresa precisa se perguntar o que está fazendo para não se tornar a próxima Toys ‘R’ Us.
Concorrentes mais novas, com visão melhor sobre as possibilidades de uso da tecnologia da informação, surgem a todo momento, prontas para mudar as regras de mercados estabelecidos.

Queda nas vendas

O pico de faturamento da Toys ‘R’ Us foi em 2012, quando somou US$ 13,9 bilhões. Nos últimos anos, a varejista teve de atuar num cenários de vendas decrescentes e dívida em alta.
No seu processo de recuperação judicial, a empresa busca renegociar uma dívida de longo prazo de US$ 5 bilhões.
Varejistas online, como a Amazon, mudaram a dinâmica do mercado. Uma vasta rede de lojas como a da Toys ‘R’ Us, que representava um ativo importante antes do advento do comércio eletrônico, passa a ser um passivo.
Ao atender melhor com menos gastos, o varejo online transforma a estrutura de custos e as redes tradicionais, quando tentam emular a política de preços de seus concorrentes da internet, acabam perdendo dinheiro.
Segundo a GlobalData Retail, citada pela BBC, 13,7% das vendas de brinquedos foram feitas online no ano passado, comparadas a 6,5% cinco anos atrás.

Mudança na competição

A Toys ‘R’ Us estava acostumada a competir com outros varejistas tradicionais, especializados ou não em brinquedos. Mas acontece que concorrer com uma empresa como a Amazon é totalmente diferente.
Além de ser uma varejista com ampla gama de produtos, a Amazon é provavelmente a maior provedora de serviços de nuvem do mundo.
Ela também oferece serviços como loja online, centro de distribuição, entregas e meios de pagamento para outros varejistas.
Com isso, ganha escala e conhecimento de mercado que nenhum outro varejista tem.
Mas a diversificação da Amazon não fica por aí. Ela também é fabricante de eletrônicos, loja de conteúdos digitais e serviço de streaming de vídeos.
A Toys ‘R’ Us não é a primeira grande varejista tradicional a sucumbir à competição online.
Em 2011, a Borders, então segunda maior rede de livrarias dos EUA, pediu recuperação judicial, e acabou saindo do mercado. Isso sem contar a Blockbuster, que não aguentou concorrer com a Netflix e outros serviços de streaming.

Atenção às mudanças

Existe uma série de pontos que merecem atenção num momento em que as condições de mercado mudam rapidamente:

  • Estrutura de custos. Minha estrutura de custos continua competitiva? Existem vantagens competitivas (como, no caso da Toys ‘R’ Us, uma vasta rede de lojas) que podem se tornar fraquezas?
  • De onde vem a competição. Quem são os meus competidores diretos? E os indiretos? Essas empresas atuam em outras áreas (como a Amazon com seus serviços em nuvem) que deem a elas condições melhores de concorrer comigo?
  • Comportamento do consumidor. Os consumidores têm adotado novas maneiras de comprar? O que o fato de eles estarem o tempo todo conectados modifica o seu relacionamento com as empresas do meu segmento?
  • Novas tecnologias. Existem maneiras de reduzir custos e, ao mesmo tempo, melhorar o atendimento ao consumidor? Qual é o impacto de novas tecnologias (como big data, inteligência artificial e internet das coisas) no meu segmento?
  • Novos mercados. Como posso usar meus pontos fortes atuais (como rede de distribuição e carteira de clientes) para lançar novas operações e acessar novos mercados? É possível, por exemplo, transformar a venda de produtos em prestação de serviços? Ou alguma atividade interna num serviço para o mercado?
  • Momento de mudança. Que mercados e operações eu devo abandonar? Num cenário de mudança, um bom negócio pode se tornar ruim muito rapidamente. Não é fácil, mas é melhor fazer a transição enquanto a atividade antiga ainda dá dinheiro. Esperar demais pode comprometer toda a operação.

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