As empresas vão voltar a investir em projetos de inovação e transformação digital em 2017. A expectativa faz parte das previsões para o mercado de telecomunicações e tecnologia da informação da consultoria IDC Brasil.
Segundo o relatório, a retomada de investimentos é reflexo da necessidade das empresas brasileiras em se manter competitivas no mercado.
“Não é mais possível postergar os investimentos em inovação. Quem deixar de investir agora deve se prejudicar no futuro, e o mercado já percebeu isso”, explica Luciano Ramos, gerente de pesquisas e consultoria de software e serviços da IDC Brasil.
A perspectiva de que os cenários políticos e econômicos sejam mais previsíveis é o principal fator para o retorno dos investimentos.
Com isso, o mercado de tecnologias da informação e comunicação (TIC) deverá crescer 2,5% neste ano, estimulado principalmente pelo segmento de TI, que deve avançar 5,7%.
Telecomunicações deve se manter praticamente estável, com crescimento de 0,4%.
Internet das coisas
Boa parte dos investimentos das empresas brasileiras para 2017 será destinada a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês).
A preferência pela tecnologia cresce a partir do segundo semestre, quando o governo já terá definido o Plano Nacional de IoT no Brasil. Atualmente, o projeto está em consulta pública.
A indústria será o setor que mais investirá na tecnologia. Os atuais parques analógicos devem ser adaptados com sensores, que ajudarão principalmente em tomadas rápidas de decisão.
“Com o IoT implementado, as indústrias aumentarão a eficiência, atenderão melhor o cliente e reduzirão custos. Isso tudo vai agregar competitividade aos parques mais antigos”, afirma Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria de infraestrutura e telecomunicações da IDC Brasil
O ecossistema de internet das coisas deve movimentar ainda mais de US$ 13 bilhões no Brasil até 2020.
Dados
A propagação de IoT no País aumentará os investimentos em computação em nuvem. A plataforma será a escolhida para processamento dos dados.
A expectativa é que até 2019, 43% dos dados de IoT sejam tratados na nuvem.
“Não existe mais o receio de investir em cloud aqui no Brasil. O movimento atual é de dúvida sobre quais ferramentas contratar”, diz Delai. A previsão é de crescimento de 20% na adoção de nuvem pública.
Com o problema de armazenamento de dados solucionado pela adoção de cloud, as empresas devem investir pesado em software de análise de dados.
Até o fim do ano, esse mercado movimentará US$ 848 milhões no Brasil, um crescimento de 4,8% em relação ao ano passado.
Os dispositivos serão utilizados para trazer mais inteligência aos negócios, por meio de informações não estruturadas, principalmente das adquiridas em redes sociais e em interações diretas com os clientes.
Celulares
O mercado de celular também retoma o crescimento até o fim do ano. A previsão é de alta de 3,5% em vendas.
Segundo Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas e consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, a retomada das vendas se dá por características nacionais.
“O brasileiro costuma trocar de aparelho de celular a cada dois anos. Pelo menos 37% dos dispositivos hoje foram comprados antes de 2015”, diz Sakis.
Mudança de hábitos de uso do aparelho também impulsionam para troca de dispositivos mais modernos, diz o relatório.
A procura será por celulares com melhor resolução de câmera e mais compatíveis com aplicativos de conversas instantâneas, instituições bancárias e transporte.
Realidade Virtual
Tecnologia de realidade virtual e realidade aumentada começam a ter destaque no Brasil este ano.
Aplicações em mercados de arquitetura, serviços, varejo e indústria já começam a ser testadas por grandes e médias empresas no País.
A expectativa é que até o fim do ano dobre a quantidade de dispositivos de realidade virtual e aumentada, fechando 2017 com mais de 100 mil unidades vendidas.
Blockchain
O blockchain deve ser a tecnologia que trará maior ruptura nos próximos anos, mas ainda não deve decolar em 2017.
A estimativa é de que a tecnologia emplaque globalmente até 2019 e demore mais dois anos para começar a ser implementada no Brasil.
“Acreditamos que o blockchain será tão disruptivo para o mundo quanto foi a internet. A tecnologia irá criar novos modelos de negócio, extinguir alguns modelos tradicionais e reformular totalmente outros setores”, adianta Delai.
No Brasil, a expectativa é que o mercado de seguros seja o primeiro impactado com o blockchain. Seguido de cartórios e, por fim, instituições financeiras.