A tão falada internet das coisas já está presente em nossas vidas e na estratégia de companhias dos mais diversos setores, mostrando que é um caminho sem volta.
A chamada IoT também é uma das tendências tecnológicas que cada vez mais consumirá investimentos em pesquisa e inovação.
Estamos falando de objetivos como carros mais sensorizados que verificam o correto funcionamento de seus componentes e identificam o comportamento dos motoristas, dispositivos vestíveis que monitoram a saúde e a localização de idosos e máquinas interconectadas, que controlam cadeias produtivas dentro e fora de fábricas.
Pode ser que o termo internet das coisas – comumente usado e disseminado na mídia – seja novo, mas as tecnologias que fazem parte de suas soluções já estão entre nós há mais tempo.
Redes de comunicação, placas de microeletrônica, sensores, a própria internet e dashboards não são coisas novas. Juntas, porém, têm possibilitado a criação de novos modelos de negócio e a transformação digital de muitas empresas, em função de sua expansão e crescente barateamento.
Tecnicamente, essas aplicações ainda têm como base a coleta de dados, a aplicação de regras e tomada de ações a partir dos seus valores.
Por exemplo, o envio de alertas, a atuação de um dispositivo em comandos do tipo liga/desliga e a capacidade de geração de insights para identificação de tendências, mitigação de riscos e redução de custos.
Computação cognitiva
Mas que outras tecnologias levarão a internet das coisas a novos usos e melhoria da interação entre ela e as pessoas que a cercam?
Sem dúvidas, a computação cognitiva é uma delas. Para entender como isso já está se tornando possível, é necessário compreender o que é cognição.
Esse conceito está associado às atividades mentais que um ser humano executa, entre elas entender, falar, ler, aprender e lembrar.
Vamos a alguns exemplos. Quando uma criança leva um choque na tomada, ela aprende a nunca mais colocar o dedo ali, mesmo sem entender o conceito de eletricidade.
Ao se preparar para uma trilha na mata, uma aventureiro cria um modelo de como será sua caminhada a partir das próprias experiências, textos técnicos, depoimentos, fotos, mapas e vídeos do local, assim ele consegue garantias de que terá lazer, segurança e conforto.
Ao longo dessa viagem, ele testará esse modelo com o equipamento que levou (botas, jaquetas, segunda pele, entre outros) e criará novo aprendizado para futuras trilhas.
Trazendo esse conceitos para o universo corporativo, também temos exemplos legais. Como a Local Motors, que desenvolveu um ônibus autônomo que trafega em National Harbor, Maryland, e se comunica com seus passageiros.
Além de coletar dados sobre seu próprio funcionamento e sobre as vias por onde veicula, o veículo captura sentimentos expressos pelos passageiros – por meio da linguagem natural ou via reconhecimento visual.
As soluções da Siemens para edifícios inteligentes têm coletado dados sobre seus ocupantes para identificar ainda mais o seu comportamento.
E a Kone, finlandesa fabricante de elevadores que transporta 1 bilhão de pessoas por dia ao redor do mundo, começou a interagir diretamente com os usuários para saber mais sobre seus gostos e preferências.
Infinitos modelos de negócio
A ideia, nos três casos, é criar modelos matemáticos que reflitam a realidade e que possam ser usados para a oferta de novos produtos e serviços às pessoas.
Essa união entre a internet das coisas e a computação cognitiva é o que permite a essas empresas (e outras mais) a criação de novos modelos de negócios.
Dados de contexto, de interações por meio de linguagem natural ou de imagens capturadas por dispositivos diversos, passam a fazer parte de análises cada vez mais complexas e contribuem para o aprendizado de máquinas .
Com os modelos criados por esse tipo de prática, passa-se a conhecer e predizer comportamentos e, com isso, é possível gerar novos e infinitos modelos de negócio.
Com novas tecnologias e com o desenvolvimento das atuais, as soluções de IoT contribuirão para que as pessoas tenham mais qualidade de vida e para que empresas sejam mais eficientes e lucrativas.
Nesse contexto, fica claro que a computação cognitiva terá um papel fundamental para contribuir no entendimento das interações humanas e na criação de modelos baseados no aprendizado de máquinas.
E, se tudo correr bem, viveremos a era em que finalmente os novos serviços e produtos satisfarão nossas necessidades.
A evolução da internet das coisas está só no começo.
- Fabio Cossini é arquiteto de TI da IBM Brasil