O que falta para o Brasil ingressar na era da indústria 4.0

O robô Baxter, da Rethink Robotics, é treinado, no lugar de ser programado / Divulgação/Rethink Robotics
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Indústria 4.0: O robô Baxter, da Rethink Robotics, é treinado para cumprir tarefas, no lugar de ser programado / Divulgação/Rethink Robotics
O robô Baxter, da Rethink Robotics, é treinado para cumprir tarefas, no lugar de ser programado / Divulgação/Rethink Robotics

As fábricas brasileiras precisam ingressar na quarta fase da Revolução Industrial, a chamada indústria 4.0, para conseguir disputar de igual para igual o mercado internacional.
Essa é a conclusão do evento Sasi 4.0, realizado hoje (30/9) na Universidade de São Paulo (USP), que contou com especialistas de diversos setores em debates sobre a aplicabilidade do conceito no Brasil.
A indústria 4.0 significa um passo além da automação. Plataformas eletrônicas controlam processos físicos e as informações fluem entre os sistemas de gestão empresarial e de relacionamento com clientes e a produção.
O País ainda está longe das potências mundiais que aderiram à modernização e à automação das fábricas, como a Alemanha.
As expectativas a curto prazo não são favoráveis. Vinícius Cardoso Fornari, especialista do Conselho Nacional de Indústria (CNI), apresentou resultados de pesquisa com empresários brasileiros sobre a intenção de investimento na digitalização da produção.
“Numa pesquisa feita pela CNI, 42% das empresas brasileiras disseram que não conhecem o potencial e a necessidade de se aplicar a digitalização na indústria, e isso é muito grave”, alertou.
Apesar disso, têm aumentado as discussões sobre o tema em empresas e universidades, pois há necessidade de se formar profissionais que possam atuar nessas fábricas inteligentes.
O novo profissional precisa ter conhecimentos técnicos de todo o processo de produção, diferentemente do que ocorre na maioria das indústrias hoje no País, onde o trabalho é descentralizado.
A falta de mão de obra especializada foi apontada como um dos principais desafios para se implementar uma digitalização de alto nível nas fábricas.
“O problema da mão de obra não é a formação do engenheiro aqui no Brasil em relação a outros países, é a quantidade de profissionais formados. Em alguns setores, engenheiro é considerado artigo de luxo”, disse Alexandro Souza, gerente de automação da DuPont Pioneer.
Celso Placeres, diretor de engenharia de manufatura da Volkswagen, disse ainda que a digitalização das fábricas não é questão de preferência.
“A indústria 4.0 não é tendência, é algo certo. Todas as empresas terão de aplicar essa tecnologia em algum momento para sobreviver. As tecnologias já estão postas no mercado, é preciso apenas decidir a melhor forma de aplicá-las ao seu negócio”, disse Placeres.

Saúde

O conceito também pode ser aplicado a outros setores, com a saúde. Tecnologias como a internet das coisas devem ajudar a aumentar a produtividade do setor.
A economista Patrícia Marrone explica que a adoção do conceito pelo setor pode funcionar como salvação numa época de recessão econômica.
“É ingênuo o mercado achar que o País, com este déficit anual, conseguirá comprar mais medicamentos. É preciso que as empresas aumentem a produtividade para, num cenário como este, pelo menos conseguirem manter o volume de vendas”, disse Marrone.
O evento debateu ainda a aplicabilidade do conceito de indústria 4.0 à agricultura e à logística.


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