Quando as máquinas conversam entre si

No Brasil, a maioria das conexões M2M está concentrada em máquinas de cartão / Edilson Rodrigues/Agência Senado
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No Brasil, a maioria das conexões M2M está concentrada em máquinas de cartão / Edilson Rodrigues/Agência Senado
No Brasil, a maioria das conexões M2M está concentrada em máquinas de cartão / Edilson Rodrigues/Agência Senado

Georgia Jordan
Totalizando 11,6 milhões de acessos em abril de 2016, o Brasil é o maior mercado de comunicação máquina a máquina (M2M, na sigla em inglês) da América Latina. No entanto, não é necessariamente o mais avançado comparado a outros países em que o serviço é mais recente.
O mercado brasileiro de M2M se encontra acomodado em serviços legados de baixa complexidade, com a vasta maioria dos acessos concentrada principalmente na conectividade de banda estreita (2G) de máquinas de cartão de pagamento, ou ponto de venda (PoS, na sigla em inglês), um mercado dominado por dois grandes atores com forte poder de barganha, o que ajudou a impulsionar a guerra de preços num segmento que representa uma das grandes apostas das operadoras.
E, de fato, esse é um mercado com grande potencial de crescimento. No estudo 2015 Brazilian Cellular M2M Market, a Frost & Sullivan prevê que o mercado deve mais que duplicar de tamanho até 2021, com o surgimento de novas aplicações e especialmente com o desenvolvimento da internet das coisas, para a qual a conectividade móvel provará ser uma tecnologia decisiva.
Atualmente, apesar de atingir 4,5% da base total de acessos móveis no país, o M2M representa menos de 1% da receita das operadoras de celular.
Embora tenha acelerado o crescimento em 2015, isso ocorreu menos pelo acréscimo de valor adicionado para seus clientes e mais em função do aumento da base de acesso nos mercados tradicionais de PoS e gestão de frotas, que devem reduzir o ritmo de crescimento nos próximos anos, uma vez que a preocupação com custos e o avanço da tecnologia levará as empresas desses setores a gerenciar melhor seus estoques de chips M2M.

Consumidor final

M2M: Georgia Jordan, da Frost & Sullivan / Divulgação
Georgia Jordan, da Frost & Sullivan / Divulgação

Nesse cenário, o ano de 2016 representa um ponto de inflexão para as operadoras, com o lançamento de novas soluções de M2M voltadas para o consumidor final, como cuidados pessoais, carros conectados e casas inteligentes, e de plataformas de gestão M2M, uma frequente demanda de clientes do serviço.
A indústria também tem buscado incentivos para ajudar a concretizar o potencial do M2M. Em 2014, a lei que concede a isenção de pagamento do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) para acesso M2M foi finalmente aprovada, mas o incentivo foi limitado apenas às conexões que não dependam de intervenção humana, excluindo a maioria dos acessos existentes, concentrados em aplicações como PoS.
As operadoras agora pressionam para estender o benefício, que atualmente se aplica a apenas 38,9% dos acessos, a todas as conexões M2M, o que deve elevar as margens de um produto que já sofre com a commoditização, especialmente em PoS.
Entre outras barreiras regulatórias estão a revogação do Contran 415, que previa conectividade embarcada em todos os veículos novos produzidos no país, e a demora na regulamentação para substituir todos os medidores de energia do país por smart meters conectados, medidas que impulsionariam significantemente a adoção de M2M nos segmentos automotivo e de utilities.
Para continuar a crescer nesse cenário, as operadoras devem buscar oportunidades para o M2M em novas verticais com maior potencial de receita e novas aplicações que demandam serviços de conectividade de maior valor, utilizando conexões de banda larga 3G e 4G, e também aumentar a oferta de serviços de valor adicionado para além da simples conectividade, integrando o serviço em suas ofertas convergentes de soluções fim a fim.

  • Georgia Jordan é analista da indústria de transformação digital da Frost & Sullivan

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