No começo do mês, o Facebook foi acusado de manipular informações ao não publicar textos de inclinação conservadora no Trending Topics, ferramenta que apresenta notícias e tendências na rede social, ainda não disponível no Brasil.
Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, recebeu uma carta e foi chamado a ir ao Senado americano para falar sobre o assunto. O jornal The Guardian revelou que o Facebook conta com a ajuda de uma equipe de editores para dar forma aos resultados obtido com os algoritmos.
A empresa afirmou em comunicado não ter encontrado nenhuma prova de que seja verdadeira a acusação de que textos conservadores não entrem no Trending Topics, e que tomou algumas medidas para evitar intervenção humana no resultado da ferramenta.
Foram prometidas mudanças no algoritmo e no guia de boas práticas da equipe de Trending Topics, manual desenvolvido pela própria empresa sobre como os editores podem fazer a gestão da ferramenta.
No guia, foram excluídas a lista com 10 veículos de mídia aprovadas para verificar se um assunto é uma tendência e a relação de mil sites usados para avaliar a relevância das histórias. Cerca de 40 sites brasileiros eram citados nessa relação.
O Facebook lançou o Trending Topics em 2014, com o objetivo de fazer frente a outros concorrentes que já funcionavam como uma plataforma de conversa sobre as notícias do cotidiano.
Diferentemente do Twitter, por exemplo, o Facebook se concentrou em manter uma organização maior das tendências, mantendo tópicos relevantes e sem repetição.
Em 2010, o Twitter fez adequações no seu algoritmo para impedir que alguns dos tópicos que sempre se repetiam e tinham um grande volume no histórico da plataforma voltassem para a lista, como o termo Justin Bieber, o principal problema de repetição naquele ano.
Fonte de informações
Embora esteja mudando o funcionamento do Trending Topics, isso não elimina o questionamento sobre o papel da Facebook em ser um distribuidor de notícias em todo o mundo e, consequentemente, ajudar a moldar a percepção sobre a atualidade.
No Brasil, a rede social se tornou uma importante fonte de notícias para a sua audiência. A empresa declara que 8 em cada 10 pessoas conectadas estão no Facebook, onde elas passam uma média de 50 minutos por dia.
O modelo de negócios do Facebook é a venda de publicidade. Para isso, atrair a atenção da audiência pelo maior tempo possível faz com que a empresa invista muito tempo e energia decidindo o que mostrar aos usuários.
De acordo com a pesquisa Trust Barometer 2016, da Edelman Significa, 82% dos brasileiros utilizam redes sociais para se manterem informado.
E o Facebook é uma das gigantes de tecnologia que tem investido em conteúdo para manter os bons números de audiência. Recentemente, foi divulgado que a empresa paga para celebridades e grupos de mídia utilizarem a nova ferramenta de publicação de vídeos em tempo real.
No ano passado, o estudo Tech and Media Outlook 2016, da consultoria Activate, mostrou como as gigantes da tecnologia vão ficar maiores e mais parecidas nos próximos anos, uma vez que produtos, serviços e conteúdos dessas empresas estão em convergência.
Como esse movimento deve trazer mais concorrência entre elas, o diferencial virá de conteúdo, modelo de negócio e cuidados com a privacidade do usuário.
Com esse cenário, é possível esperar que essas empresas invistam mais em conteúdo ou na compra de empresas de mídia para conseguir manter e conquistar a audiência.