BARCELONA
Agora parece que vai. Gigantes mundiais apostam na popularização do serviço de pagamentos móveis e o Brasil é uma parte importante da estratégia.
Durante o evento Mobile World Congress (MWC), que começou hoje em Barcelona, a Samsung divulgou seu planos de lançar, nos próximos meses, do Samsung Pay no Brasil, enquanto Daniel Schurman, presidente mundial do PayPal, falou sobre o acordo com a América Móvil, dona da Claro, para lançar um carteira digital em toda a América Latina.
No ano passado, o PayPal processou 5 bilhões de transações em todo mundo. Desse total, 1,4 bilhão foram feitas pelo celular. “Em dois anos, mais da metade das transações serão móveis”, disse Schurman, que foi um dos principais palestrantes do primeiro dia do MWC.
Schurman citou duas parcerias: com a Vodafone na Europa e a América Móvil na América Latina. Essas operadoras têm, respectivamente, 454 milhões e 286 milhões de clientes. No projeto com a América Móvil, o Brasil e o México são as prioridades.
As parcerias preveem a oferta de um serviço de carteira eletrônica. Da mesma forma que as pessoas podem registrar seus cartões de crédito no PayPal e pagar via web com a identificação por email e senha, os usuários dessas carteiras não precisariam mais carregar seus cartões físicos, e pagariam direto no aplicativo do smartphone.
“Os varejistas não estão interessados em simplesmente trocar a leitura de um cartão pela aproximação de um celular”, disse Schurman. “Eles querem oferecer serviços diferenciados para seus clientes.” Ele deu como exemplo a integração dos programas de fidelidade no PayPal, que seria mais que uma alternativa de meio de pagamento.
Parcerias no Brasil
A Samsung anunciou oito parcerias para o lançamento do serviço Samsung Pay no Brasil, com o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa, Brasil Pré-Pagos, Porto Seguro, Santander e Nubank.
A data ainda não foi divulgada, mas a expectativa é que o serviço seja lançado em meados de março, juntamente com os celulares Galaxy S7 e Galaxy S7 edge, apresentados ontem em Barcelona. Atualmente, o Samsung Pay está disponível na Coreia do Sul e nos Estados Unidos.
“Os cartões de crédito e débito são somente o começo”, explicou Gabriel Farias, diretor de Inovação de Negócios para a América Latina da Samsung Electronics. “Na Coreia, o Samsung Pay já funciona como cartão de transporte público e de milhagens.”
O Samsung Pay também é uma carteira eletrônica, em que as pessoas registram seus cartões físicos e não precisa mais carregá-los. Ele funciona nos dois celulares anunciados no MWC, nos aparelhos Galaxy A lançados neste ano, no Galaxy Note 5 e no Galaxy S6 edge plus.
“Queremos, no futuro, popularizar ainda mais o serviço”, afirmou o executivo.
O serviço usa duas tecnologias para se comunicar com a máquina leitora de cartões. Uma delas é o Near Field Communication (NFC), ou comunicação por campo de proximidade. Nesse caso, o usuário somente aproxima o aparelho da máquina para pagar.
Nem todos os pontos de venda, no entanto, estão preparados para o NFC. Principalmente os caixas com leitores de cartões integrados, em grandes varejistas, não conseguem funcionar ainda com essa tecnologia.
Para resolver isso, a Samsung comprou no ano passado uma companhia chamada Looppay, que desenvolveu a tecnologia Magnetic Security Transmission (MST), que permite ao celular transmitir informações ao leitor de tarja magnética do caixa. Com essa solução, o Samsung Pay consegue funcionar com qualquer leitor.
Os pagamentos móveis são um mercado promissor, mas têm demorado a pegar na maior parte do mundo. O principal caso de sucesso, até bem pouco tempo atrás, era o M-Pesa, no Quênia, que permite transferir dinheiro por mensagens de texto do celular. Naquele país, o pagamento móvel foi adotado por uma população que nunca teve conta bancária.
Em países ricos, é mais difícil convencer os consumidores de que vale a pena usar o serviço. Em 2006, visitei em Tóquio a sede da NTT DoCoMo, maior operadora móvel japonesa, que tinha acabado de lançar o NFC para pagar passagens de metrô.
A operadora achava que os pagamentos móveis começariam pelo transporte público, seriam adotados pelas lojinhas em volta das estações e depois se espalhariam pela cidade toda. Nada disso aconteceu, e eles ficaram basicamente circunscritos ao pagamento do metrô.
Mas os tempos são outros, e as chances hoje são maiores.
- O jornalista viajou a convite da Samsung