Não é fácil mudar de modelo de negócios. A Autodesk, cujo produto mais famoso é o software de projetos Autocad, anunciou hoje que, no Brasil, deixará de vender licenças permanentes a partir de 31 de janeiro de 2016. A empresa já prepara há dois anos a transição para o modelo de assinatura. Em outros países, ainda será possível comprar licenças de alguns produtos até 31 de junho.
“Vamos conquistar mais clientes, mas nossa receita vai cair”, afirma Marcelo Landi, presidente da Autodesk Brasil. “É um risco que a gente assume.” A transição já teve impacto negativo no resultado da companhia no segundo trimestre fiscal, encerrado em 31 de julho. O faturamento mundial da Autodesk caiu 4%, para US$ 609 milhões no período. O prejuízo da empresa chegou a US$ 235 milhões, comparado a um lucro de US$ 31 milhões no mesmo período de 2014.
Segundo Landi, a Autodesk espera uma recuperação rápida dos negócios, pelo menos no Brasil, depois de uma queda inicial. “O modelo de assinaturas, que garante receitas recorrentes, é muito mais sólido”, afirmou o executivo.
A expectativa é conquistar mais clientes no mercado de pequenas e médias empresas, que atualmente usa software de concorrentes ou cópias piratas. Cerca de metade do mercado brasileiro é abastecido por versões ilegais.
Novo mercado
Criada há um ano, a Loucomotion é um estúdio especializado em criar imagens tridimensionais para campanhas de montadoras de veículos. “Se não fosse o modelo de assinaturas, estaríamos trabalhando com outro software, e teríamos outro resultado”, diz Matteo Murador, sócio da Loucomotion. Eles usam os sistemas 3DS Max e Vred, da Autodesk.
Para se ter uma ideia da diferença de preços, a licença permanente do Autocad LT 2016, na loja online da Autodesk, custa R$ 5,4 mil. A assinatura mensal sai por R$ 200.
A Autodesk é somente um exemplo de empresa que tem migrado do modelo de licenças para o de assinaturas. A Microsoft cobra uma assinatura mensal de R$ 26 pelo seu pacote Office 365. A licença do Office Home & Student 2016 custa R$ 347.
A consultoria Forrester Research prevê que o mercado mundial de software como serviço (Saas, na sigla em inglês), que inclui o modelo de assinaturas, chegará a US$ 87 bilhões este ano. Para 2016, o crescimento esperado é de 22%, para US$ 106 bilhões.