Estreou ontem, nos Estados Unidos, o YouTube Red, a versão paga do YouTube que não tem anúncios durante a exibição dos vídeos. A assinatura custa US$ 9,99 para Android e desktop, e US$ 12,99 para iOS. A empresa ainda não tem datas de expansão da versão paga para outros países. Além da ausência de publicidade, o YouTube Red permite que os assinantes salvem os vídeos preferidos para ver offline e continue com o áudio ligado enquanto usa outros aplicativos no desktop ou aparelho móvel. O Red também será estendido para os canais de música, games e infantil da empresa.
A grande promessa do novo serviço é a área de conteúdo exclusivo. Para 2016, já estão programados filmes e séries com algumas das estrelas nascidas no YouTube, incluindo PewDiePie, o maior comentarista de vídeo games da plataforma, que vai estrear um reality chamado Scare PewDiePie, The Fine Brother, com uma paródia sobre as famosas competições musicais, o CollegeHumor, Joey Graceffa, Toby Turner, entre outros. A ideia é conseguir trazer a base de fãs desses artistas para o Red. Com esses lançamentos, o YouTube sinaliza uma mudança definitiva para uma empresa de mídia, em uma tentativa de competir com outros serviços de assinatura como o Netflix e Hulu.
A diferença da entrada da empresa na disputa pelas assinaturas da TV por Internet é o potencial de alcance da plataforma somado ao dinheiro do Alphabet, o conglomerado que possui as empresas do Google. Se 5% da audiência norte-americana do YouTube assinar o Red, já representa um acréscimo de mais de US$ 1bi na receita anual da empresa. E ela pretende investir em grandes produções com as suas principais estrelas. O reality Scare PewDiePie, por exemplo, terá a produção dos criadores da série The Walking Dead.
Os youtubers, como são conhecidos os produtores de vídeo no YouTube, são as novas potências para impulsionar a indústria do entretenimento. Muito influentes entre os adolescentes, já foram percebidos pelo público adulto e são considerados celebridades mais críveis do que as estrelas do cinema e da TV. Os assinantes dos canais com as maiores audiências da plataforma consomem todas as novidades lançadas pelas suas estrelas. Vídeos, livros, produtos, entradas para eventos onde seus favoritos vão aparecer. Simpáticos e acessíveis, eles gostam de dividir dicas e experiências com a audiência e não se importam de trabalhar com as marcas que acreditam.
A dúvida agora é: quem está habituado a consumir vídeos de forma gratuita, vai se interessar em pagar por um conteúdo diferente e mais elaborado do que o original que impulsionou o sucesso dessas celebridades? E como os youtubers serão remunerados no Red, uma vez que o dinheiro de repasse dos anúncios não vale mais para o novo formato? O dinheiro vai ficar apenas com os canais de grande audiência?
Dependendo das alterações de negócio e da recepção do público, o YouTube vai ficar mais próximo do modelo dos concorrentes. Resolverá o problema dos programas de ad-blocking, buscando o dinheiro do público em troca de programação de qualidade e sem interrupções, já que a crise com a publicidade após o sucesso dos bloqueadores é crescente. Por outro lado, a remuneração dos canais pela visualização dos vídeos, proporcionada pela publicidade na plataforma, pode ficar cada vez mais difícil, inviabilizando o sonho de diversas pessoas que criam conteúdo todos os dias, em busca de uma renda e da fama na Internet.
Foto: YouTube/Reprodução