DuPont: ‘Brasil tem como dar resposta a problemas mundiais’

Judd O'Connor, presidente da DuPont América Latina, fala sobre inovação
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Judd O'Connor, presidente da DuPont América Latina, fala sobre inovação
Judd O’Connor, presidente da DuPont para a América Latina, fala sobre inovação

Problemas em áreas como nutrição e energia tendem a aumentar nos próximos anos, com o crescimento da população mundial, que já ultrapassa 7 bilhões. “O Brasil é bastante capaz de dar resposta a esses grandes problemas globais”, afirmou Judd O’Connor, presidente da DuPont para a América Latina.
A afirmação pode parecer estranha, num momento em que a economia brasileira enfrenta uma deterioração tão rápida. Mas o discurso está alinhado com as atividades recentes da companhia americana: a DuPont inaugurou neste mês uma ampliação de seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Paulínia, no interior de São Paulo.
Em julho, a DuPont finalizou o processo que transformou sua divisão química numa empresa separada, chamada Chemours, para focar em três mercados: agricultura e nutrição, biociências industriais e materiais avançados. Com o destaque brasileiro no agronegócio, o País se coloca como um mercado-chave para a DuPont.
DuPont tem centro de pesquisa e desenvolvimento em Paulínia (SP)
DuPont tem centro de pesquisa e desenvolvimento em Paulínia (SP)

Muitos dos projetos tocados pelos pesquisadores em Paulínia estão ligados ao papel que o Brasil desempenha no mercado mundial de alimentos. “Exercemos aqui dois tipos de inovação”, disse O’Connor. “Um deles está ligado à aplicação local da tecnologia mundial da DuPont. Outro está na conexão de Paulínia à rede global de pesquisa e desenvolvimento do grupo, em projetos que podem ou não estar ligados a necessidades brasileiras.”

Alimento e energia

O executivo deu exemplos de projetos que refletem o novo perfil da empresa. Um dos objetivos da companhia é desenvolver novas maneiras de embalar comida, melhorando sua conservação. “A indústria perde de 20% a 30% dos alimentos”, disse o presidente da DuPont para a América Latina. “Queremos criar novas tecnologias de embalagem que estendam a durabilidade dos produtos na prateleira.”
Outro exemplo é da área de energias renováveis. O etanol que usamos hoje, de primeira geração, aproveita somente um terço do potencial energético da cana de açúcar. Somente o caldo da cana é transformado em combustível, sendo que a palha e o bagaço se perdem.
Existem técnicas de segunda geração, como enzimas que transformam celulose em açúcares, que permitem tirar proveito de todo o potencial energético da cana. Apesar de essas tecnologias já existirem há alguns anos, até recentemente havia dificuldade de torná-las economicamente viáveis.
Segundo O’Connor, esse problema não existe mais. A DuPont criou uma usina de etanol celulósico em Nevada, nos Estados Unidos, onde a matéria-prima é o milho. A mesma tecnologia usada lá pode ser empregada no Brasil para produzir etanol de segunda geração a partir da cana.
“Estamos prontos”, disse o executivo, sem definir um prazo para a instalação de uma usina desse tipo no País.

Investimento e crise

Desde 2009, a DuPont investiu US$ 22 milhões na ampliação de seu centro de pesquisas de Paulínia. “Temos um compromisso com o País”, destacou O’Connor. Foram inaugurados este mês laboratórios de tratamento de sementes, biociências industriais e impressão flexográfica.
Para o ano que vem, está prevista a inauguração de mais um laboratório em Paulínia, para testar vestimentas de proteção, quando expostas ao fogo, principalmente par ao setor de petróleo e gás, química e mineração.
Criado na década de 1980, o centro de Paulínia foi, por 20 anos, dedicado exclusivamente para pesquisas no setor agrícola.  A DuPont também tem na cidade um centro de inovação.
Além da situação econômica brasileira, a DuPont enfrenta desafios econômicos globais, como a queda do preço das commodities (que afeta os resultados de seus clientes) e a alta do dólar frente a outras moedas (e não somente ao real). “O cenário é desafiador”, reconheceu o executivo.
As operações internacionais respondem por cerca de 60% do faturamento da DuPont, e o Brasil está entre os seus cinco principais mercados.
Fotos: Divulgação / DuPont


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