Com a aprovação da Reforma Trabalhista no Brasil no final de 2017, ficou legalizada a prática do home office pelas empresas. Isso significa que muitos colaboradores poderão, legalmente, realizar suas atividades profissionais de casa ou qualquer outro lugar fora do escritório.
A atividade traz mudanças no local de trabalho e novos desafios surgem para o dia a dia das empresas.
Nesse cenário, é impossível não se questionar sobre qual será o ambiente de trabalho do futuro. Uma pesquisa norte-americana chamada World at Work mostra que 89% das empresas daquele país já possuem práticas estruturadas para o home office.
Um exemplo bem interessante é o da empresa Automattic, dona da plataforma de blogs WordPress, que fechou o escritório de São Francisco (EUA) e passou a permitir que seus 500 colaboradores trabalhassem de onde quisessem.
Política de mobilidade
No entanto, é importante ressaltar que o trabalho remoto vai muito além de deixar o funcionário livre para trabalhar de qualquer lugar. Ou seja, não basta conectar-se ao e-mail corporativo pelo celular, ou à rede da empresa pela internet de casa.
É necessária uma estrutura que englobe a política de mobilidade da organização, tornando possível a estratégia de implementação e de gestão das plataformas e das aplicações utilizadas pelos colaboradores remotamente.
Isso permite o acesso à informação e a interação com demais membros da equipe da empresa em qualquer ambiente.
A prática traz desafios de conectividade para a criação de um espaço de trabalho totalmente digital (ou digital workspace, do inglês), que cria uma mudança mais profunda nas organizações, por meio da utilização de ferramentas que promovam a aproximação, não apenas entre colaboradores, mas também com os clientes.
Muitas empresas ainda resistem à adoção desse método por acreditar que não é possível ter a mesma interação permitida no ambiente físico.
Para isso, as plataformas para conversas corporativas em grupo e telas interativas, passam a permitir debates sobre projetos, compartilhamento de ideias, sugestões de melhorias e envolvimento do cliente no trabalho em tempo real, compondo esse digital workspace, que cria uma dinâmica muito mais flexível de comunicação entre equipes, seja por áudio, vídeo ou texto.
Retenção de talentos
Se o home office já é, atualmente, segundo o Estudo Oxford, uma das melhores formas de reter talentos, imagine um ambiente digital completo para interação, que realmente forneça a conectividade necessária para o trabalhador não precisar estar num escritório físico.
O novo ambiente de trabalho, a partir disso, passa a ser composto não somente pelo escritório ao qual já estamos acostumados. Torna-se possível produzir e criar a partir de um restaurante, cafeteria, praia ou de qualquer outro local que o funcionário desejar.
Esse é o futuro do trabalho, que também implica verdadeira modificação estrutural nas empresas. Além de uma tecnologia flexível, os procedimentos internos precisam seguir a mesma linha e não serem engessados.
Por exemplo, ao invés de um controle de horas rígido, o trabalhador será considerado bom ou não devido ao seu desempenho, ou seja, com o gerenciamento feito por resultados.
Além disso, a visão de liderança tradicional precisa ser rompida. Os gestores necessitam compreender que, em um ambiente conectado, onde todos podem opinar e interagir, a colaboração precisa ocorrer de maneira totalmente horizontal.
Contar com uma política formal de mobilidade – que englobe estratégia de gestão, de mensuração de resultados e de implementação de programas, plataformas e aplicações – são pontos cruciais na adoção do home office.
Com a transformação digital e as novas gerações de profissionais – mais conectados e atentos à qualidade de vida -, o home office e a colaboração representam um caminho sem volta.
A empresa que se antecipar certamente terá vantagem competitiva e conquistará os melhores talentos.
- Rodrigo Coppola é gerente de desenvolvimento de negócios de colaboração para América Latina da Orange Business Services