Apesar de diversas regiões do Brasil lutarem ainda pelo sinal do 3G e a cobertura do 4G ser bastante restrita, a próxima geração já está em pauta, ou seja, o 5G.
Estima-se que 2020 será o ano da chegada da promessa de alta velocidade, alta capacidade e alta performance ao país.
Mas, a exemplo do 4G, que estaria a pleno vapor na Copa do Mundo de 2014 no Brasil e não se confirmou, é um cenário bem improvável que o 5G funcione antes de as gerações anteriores estarem operando dignamente.
Planejar a quinta geração de telefonia celular no momento é como construir um edifício sem alicerces, rodar com um carro sem pneus ou fazer uma criança correr sem aprender a andar.
Infraestrutura
Para tudo é preciso cumprir etapas, e não dá para decorar a casa antes de terminar a construção.
Embora o governo brasileiro já tenha anunciado em fevereiro de 2017 o Projeto 5G Brasil, e tenha firmado acordos de cooperação com a União Europeia e a Coreia do Sul, existe um abismo de distância para o bom funcionamento do 5G aqui.
Arrumar a infraestrutura atual deve ser um pré-requisito para qualquer avanço tecnológico.
Um recente relatório da SNS Research indica que as operadoras móveis vão ter de investir mais de US$ 21 bilhões por ano quando tiver início a implementação das tecnologias padronizadas para o 5G.
E a previsão é que o início dos investimentos comece em 2019. E a previsão para o bom funcionamento das tecnologias atuais?
Se a tecnologia 5G estima uma velocidade de transmissão de até 20 gigabits por segundo, contra no máximo de 1 gigabit por segundo do 4G, isso deve representar um aumento intensivo na capacidade das redes para o uso de dados.
Mas o que precisamos de verdade é foco no bom funcionamento das redes 3G e 4G, que permitem a transmissão de dados por meio de redes móveis para celulares fornecidas pelas operadoras de telefonia.
É necessário ter um bom sinal de cobertura para que elas funcionem perfeitamente – e é aí que está o ponto de discussão.
Investimento
As grandes operadoras ainda não atendem devidamente a demanda por falta de preparo ante o crescimento rápido do uso de dados nos telefones celulares.
Com a falta de preparo, as estações radiobase (ERBs) não são suficientes e há necessidade de mais instalações.
A fibra óptica só chega às grandes cidades, deixando o interior desprovido – e conta com a conectividade de pequenas operadoras.
Na Amazônia, internet só com radiofrequência. Ou seja, não seria prioritário investir em melhoria das redes de fibra óptica e ERBs para depois pensar em investimentos de ponta?
Não que o 5G deva ser freado. Ao contrário, a tecnologia deve oferecer novas oportunidades de negócios a nível global por meio de um melhor desempenho.
O 5G aborda os recursos futuros, como taxa de dados, latência de ponta a ponta, cobertura, virtualização, computação em nuvem e promessa de criar hiperconectividade para oferecer serviços sem precedentes de forma segura e controlada.
No entanto, antes disso é preciso o foco das operadoras para levar conectividade de qualidade para todo o pais e depois investir na chegada do 5G.
- Rudinei Santos Carapinheiro é diretor de novos negócios da Skylane Optics