Susan Amat é fundadora da Venture Hive, aceleradora de startups sediada em Miami. Ela tem visitado constantemente Brasil, para falar sobre inovação e levar empresas brasileiras para fazer negócios nos Estados Unidos, a partir de Miami.
Na semana passada, Amat conversou em São Paulo com o inova.jor sobre erros que as empresas precisam evitar quando querem se tornar mais inovadoras.
As empresas entenderam errado o conceito de inovação?
Depende da empresa. Primeiro é preciso definir quais são os objetivos da inovação. Às vezes, as empresas procuram ser inovadoras com tecnologias disruptivas, sem definir o real motivo disso.
Muitas vezes, existem maneiras mais simples de melhorar o que elas fazem, levando mais valor aos clientes.
É um erro a empresa achar que precisa de uma tecnologia disruptiva maluca no lugar de fazer uma mudança cultural para se tornar mais centrada no cliente.
Como grandes empresas podem se relacionar bem com startups?
Existem empresas que acham que startups resolvem o problema. Elas têm grandes iniciativas de inovação, em que procuram atrair startups, e acham que ter muitas startups próximas é a solução.
Mas, em muitos setores, bons exemplos de integração entre grandes empresas e startups são difíceis. Quando olhamos a cultura da empresa, pode existir resistência à mudança seja ela interna ou externa.
Muitas vezes, quando grandes empresas olham startups, elas olham a tecnologia. Não entendem a equipe, o verdadeiro modelo de negócios e a maneira como as pessoas podem executá-lo.
Quando integra uma startup à sua operação, a grande empresa não precisa somente integrar uma tecnologia, mas um modelo mental e um processo cultural. E muitas vezes isso é impossível.
O que uma empresa deve fazer para se estruturar para a inovação?
Existem empresas que escolhem um diretor de inovação e formam uma pequena equipe que decide o que deve ser feito. Essas equipes adotam plataformas de gestão de ideias, e muitas vezes colocam ênfase em conseguir ideias.
Isso é um problema gigante. Um dos nossos clientes, por exemplo, contratou um diretor de inovação, adotou uma plataforma de gestão de ideias e recebeu 46 mil ideias nos primeiros quatro meses. A empresa é grande.
O desafio é que a empresa não precisa de ideias. As ideias estão por toda parte. O que ela precisa fazer é treinar seu pessoal para criar valor. A ideia não tem valor. O que tem valor é a execução da ideia.
Como evitar que isso aconteça?
Voltando ao que eu disse no começo, se a empresa não definir quais são os objetivos da inovação e, se não tiver dados, métricas e indicadores de performance para educar as pessoas sobre suas metas, elas vão aparecer com todo tipo de ideia.
Muitas não vão ter nada a ver com seu modelo de negócios, com a maneira como a empresa quer evoluir ou com sua estratégia. Ou com uma forma de alavancar a infraestrutura atual ou com seus clientes.
Sem alinhar tudo isso, para que as pessoas possam entender para onde a empresa vai e como elas podem ajudá-la a alcançar essa meta, isso vai falhar.
E, mais ainda, se não houver sistemas e processos certos para treinar as pessoas e a empresa não escolher a ideia delas, elas ficarão bravas.
Se a empresa treiná-las, elas vão entender porque sua ideia não funcionaria.