Venda do Yahoo marca o fim de uma era

A Verizon comprou as operações principais do Yahoo por US$ 4,8 bilhões / Scott Beale / Laughing Squid
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A Verizon comprou as operações principais do Yahoo por US$ 4,8 bilhões / Scott Beale / Laughing Squid
A Verizon comprou as operações principais do Yahoo por US$ 4,8 bilhões / Scott Beale/Laughing Squid

Houve um tempo em que o Yahoo era o site mais visitado do mundo. Antes de ser ultrapassado pelo Google, ele consolidou o modelo de portal de internet.
A ideia era ter de tudo um pouco: notícia, entretenimento, cotações, busca e entretenimento, para que as pessoas pudessem ter o que precisam num lugar só, e rentabilizar a operação com a venda de publicidade.
Mas o modelo foi atropelado pelos links patrocinados, pelas redes sociais, pelos aplicativos e pelo vídeo via internet.
Quando ainda era o site mais visitado do mundo, o Yahoo teve de decidir se era uma empresa de tecnologia ou de mídia, e acabou se posicionando como empresa de mídia, enquanto o mercado ia noutra direção.
Em seus melhores dias, o Yahoo teve até a oportunidade de comprar o Google e o Facebook, mas acabou desperdiçando essa chance.
Hoje, a operadora de telecomunicações Verizon anunciou a compra das operações principais do Yahoo por US$ 4,8 bilhões.
Com previsão de ser concluída no ano que vem, a aquisição não incluiu as participações da empresa no Alibaba e no Yahoo Japan, que juntas valem cerca de US$ 40 bilhões.

Novos modelos

O portal de internet, generalista, está ultrapassado. O Facebook, que não precisa produzir nem licenciar conteúdo, criou um modelo muito mais eficiente.
Os milhões de pessoas atraídos pelos portais tem custado cada vez menos para os anunciantes, que acabam recorrendo a ferramentas de mídia programática para conseguir segmentar esse público. Com isso, parte do valor acaba ficando com um intermediário, que agrega inteligência às campanhas.
A não ser que sejam grandes empresas de produtos de consumo, os anunciantes hoje estão mais interessados em falar com grupos bem definidos de consumidores, de preferência ligados por algum conceito de comunidade.
A Verizon já é dona da AOL, outro gigante dos primórdios da web que perdeu espaço neste milênio. Pelo discurso da operadora, o que interessa na aquisição é a audiência que o Yahoo ainda tem, para ser vendida principalmente para grandes anunciantes.
Marni Walden, vice-presidente executiva da Verizon, disse à Fast Company estar satisfeita com a tecnologia de publicidade da AOL: “O desafio é que, se você quiser gastar US$ 10 milhões com eles – ou qualquer valor relevante de dólares – eles não tem inventário suficiente”.
O Yahoo ainda é o quinto site mais visitado do mundo, no ranking do Alexa. A empresa tem 600 milhões de usuários móveis por mês, o que pode ser um ativo importante para uma operadora de celular.
Marissa Mayer, atual presidente do Yahoo, veio do Google para transformar o portal novamente numa empresa de tecnologia.
Ela fez várias aquisições para reforçar a divisão móvel e a tecnologia de publicidade, mas os resultados não foram suficientes para evitar a venda.

Crescimento da web

Antes do estouro da bolha da internet, no fim do milênio passado, a lista dos sites de maior audiência era assim:

Nome

Visitantes por mês  (em milhões)

Yahoo 30,7
AOL 29,6
MSN 20,5
Geocities 19,6
Go 19,3
Netscape 18,7
Excite@Home 15,6
Lycos 14,4
Microsoft 14,2
Bluemountainarts 12,6

Fonte: Media Metrix/1999
A internet hoje é muito diferente. Em 1999, havia 248 milhões de usuários no mundo. Hoje, são 3,6 bilhões.
O Yahoo cresceu e se consolidou numa época em que a web era um serviço para poucos, estático, no computador de mesa, em que a audiência era passiva, e basicamente consumia informações.
Com 141 milhões de clientes de telefonia móvel nos EUA, a Verizon tem o desafio de unir ativos criados numa outra época num gigante capaz de fazer frente ao Google e ao Facebook.


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