Quando os computadores começarem a pensar como nós

Computação cognitiva: Computadores podem atingir nível da inteligência humana em 2022 / Divulgação
Compartilhe

Computação cognitiva: Alguns especialistas acreditam que os computadores podem atingir o nível da inteligência humana em 2022 / Divulgação
Alguns especialistas acreditam que os computadores podem atingir o nível da inteligência humana em 2022 / Divulgação

José Luis Spagnuolo
A história começa uns 200 milhões de anos atrás com a evolução de uma parte do cérebro conhecida como neocórtex, que permitiu aos mamíferos não só sobreviverem às catástrofes do período cretáceo, mas também fazer do Homo sapiens a espécie dominante no planeta Terra.
É no neocórtex que ocorrem as funções superiores, como percepção sensorial, intuição, geração de comandos motores, raciocínio espacial, pensamento consciente, criatividade, motivação, contexto, abstração e linguagem. O cérebro humano possui também suas limitações, tais como falhas de memória, vieses cognitivos, velocidade de processamento, capacidades matemáticas e tamanho.
Por muito tempo o homem tenta reproduzir as capacidades do cérebro em dispositivos e sistemas e, em 1950, o matemático Alan Turing chegou a propor um teste para avaliar se um sistema poderia exibir inteligência. Foi em 1956, em uma conferência no Dartmount College, que o cientista John McCarthy cunhou o termo inteligência artificial (IA), para designar sistemas que pudessem simular o pensamento humano.
Desde então, a ciência da computação tem evoluído, com altos e baixos, na tentativa de alcançar o objetivo de dotar de inteligência um sistema. Muito foi feito em jogos, lógica formal e provas de teoremas. Robótica, representação de conhecimento e sistemas especialistas limitados a um determinado domínio também foram implementados. Entretanto, por falta de um hardware poderoso para processar e armazenar tantas informações e, principalmente, de algoritmos que pudessem lidar com incertezas e dados não estruturados, a IA nunca havia vingado.
Isso começou a mudar na década de 1990 com a melhoria em processadores, memórias e armazenamento mais rápidos e algoritmos de redes neurais e de machine learning. Em 2011, a IBM, por meio do sistema Watson, conseguiu vencer os dois maiores jogadores de Jeopardy!, jogo de perguntas e respostas da TV norte-americana que requer entendimento da linguagem natural, busca por enormes quantidades de informação, criação de hipóteses e tratamento de incertezas.

Assistentes de profissionais

Computação cognitiva: José Luis Spagnuolo, da IBM / Divulgação
Spagnuolo, da IBM / Divulgação

Iniciou-se aí uma discussão na comunidade especializada para saber quando esses sistemas vão atingir o mesmo nível da inteligência humana, que é definida como a capacidade de executar qualquer tarefa que um adulto pode realizar e que não seja limitada a um único domínio. Os mais pessimistas acreditam que isso deva acontecer por volta do ano de 2075, os mais otimistas em 2022 e a maioria acredita que seja perto de 2040.
Diferentemente do que muitos imaginam, os sistemas de computação cognitiva não vão substituir o homem. A ideia é que eles atuem como assistentes dos profissionais para ampliar seu conhecimento e auxiliar nas decisões. Por exemplo, o médico nunca será substituído, mas ele pode contar com um assistente cognitivo que lhe dê subsidio técnico e científico para melhor escolha um tratamento para seu paciente, já que ele leu tudo o que o médico não conseguiu estudar pelo grande volume de informações que são criadas diariamente. Assim, o profissional consegue se concentrar naquilo que é importante, neste caso, cuidar das pessoas.
Acredita-se que a civilização rumará para uma economia de ideias. A riqueza nesse novo mundo será a inovação e fato importante aqui é que precisaremos lidar de maneira diferente com esses sistemas. Antes que eles comecem a operar, teremos que ser capazes de embutir em sua essência os valores que são importantes e caros para toda a raça humana, para que compartilhem conosco os mesmos objetivos de evolução, progresso e bem-estar que o homem busca.

  • José Luis Spagnuolo é diretor de Tecnologia da IBM Brasil

Compartilhe
Previous Article

Google cria espaço para startups em São Paulo

Next Article

Facebook vai atrás de anunciantes até de caminhão

You might be interested in …

As soluções de computação em nuvem cresceram rapidamente na América Latina / Damien Pollet/Creative Commons

Por que o software é a nova infraestrutura

Compartilhe

CompartilheA maioria de nós, que está há alguns anos no mercado de tecnologia, veio de uma época em que se dizia “build it and they will come”. Isto é, primeiro construímos o que quer que […]


Compartilhe

Como trazer mais segurança às redes móveis

Compartilhe

CompartilheO uso do celular para compras de mercadorias físicas e serviços vem crescendo, ano após ano. E isso ocorre em vários segmentos, como compra online em geral, além de transações financeiras como mobile banking, entre […]


Compartilhe