‘O momento é de grandes oportunidades’, diz co-CEO da Easy Taxi

Dennis Wang, da Easy Taxi, acredita que ainda há capital disponível para startups
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Rodrigo Soldo/Creative Commons
A Easy Taxi quer atingir o equilíbrio financeiro ainda neste semestre / Rodrigo Soldon 2/Creative Commons

Antes de comandar a Easy Taxi, Dennis Wang trabalhou em bancos de investimento, como o BNP Paribas, em Londres, e o ABN Amro, em Amsterdã. Isso permite que ele analise os desafios da atual situação econômica tanto do ponto de vista de quem empreende quanto de quem investe.
“A verdade é que o momento é de grandes oportunidades”, diz Wang, que continua a projetar crescimento para o aplicativo de táxis, já que a participação desse tipo de serviço no total de corridas ainda é bastante pequena.
Na América Latina, os aplicativos de celular respondem somente por 3% das corridas. Em São Paulo, onde a média é maior, esse porcentual está em 10%. Ou seja, existe espaço para crescer mesmo que o mercado sofra retração.
Não que enfrentar uma crise econômica seja fácil. A Easy Taxi adiantou sua expectativa de equilíbrio financeiro (momento em que as receitas da operação cobrem as despesas) para o primeiro semestre deste ano. Investiu em tecnologia para reduzir gastos operacionais e passou a ter foco em campanhas mais virais.
Além disso, aposta no aumento da qualidade do atendimento, com funcionalidades como valor estimado da corrida, por exemplo, para fazer frente a concorrentes como o Uber.
Presente em 400 cidades da América Latina, África e Arábia Saudita, a Easy Taxi recebeu US$ 77 milhões de investimento desde a sua criação, há quatro anos.
A seguir, os principais trechos da entrevista de Dennis Wang, copresidente da Easy Taxi, ao jornalista Renato Cruz.
Como você avalia hoje a situação de investimento em startups?
Acho que ainda tem muito capital disponível para investimentos em novas empresas tecnologias. Os fundos possuem mais capital do que conseguem alocar. A diferença é que o apetite ao risco diminuiu. Aumentaram as chances de captar investimento para quem tem um modelo que consegue monetizar mais rápido ou consiga provar de uma forma rápida seu modelo de negócios.
O que você diria ao empreendedor que está começando agora, neste cenário econômico mais difícil?
As pessoas precisam ser muito mais prudentes, principalmente com a questão de investimento. Afinal, não dá para saber como o mercado vai se comportar nos próximos dois ou três anos. Mas a verdade é que o momento é de grandes oportunidades. Grandes empresas normalmente aproveitam a crise para fazer investimento e preparar-se para crescer quando a economia retomar. Não acho que seja diferente para tecnologia. Quem tem uma ideia boa não precisa esperar o cenário melhorar, tem de fazer agora.
Quais serviços têm mais chances de se dar bem na crise?
Empresas de empréstimo entre pessoas, as fintechs (companhias de tecnologia que oferecem serviços financeiros), estão no melhor momento para investir. Essa é a hora que as pessoas precisam de empréstimos e os bancos não estão liberando esses empréstimos. Os marketplaces de mão de obra, como beleza e manutenção, também vão ganhar destaque porque as pessoas estão em busca de aumentar a renda.
Qual é o impacto da crise econômica para a Easy Taxi?
Sabemos que a indústria de táxi vem sofrendo com a crise. Isso é possível saber em qualquer conversa com um taxista na rua, mas a nossa empresa não parou de crescer com a crise. O que observamos foi que, com as promoções de desconto de tarifa oferecidas para nossos usuários, aliadas à baixa penetração de mercado, em relação a quantidade de pessoas com smartphones e táxis disponíveis, a crise não impactou nosso crescimento.
A situação econômica atual mudou o planejamento da empresa?
Tivemos de nos adequar à situação. No último trimestre de 2015, aceleramos a eficiência da empresa, otimizando processos de cadastro e usando mais tecnologia. Automatizamos tarefas que precisavam de mão de obra humana, que hoje é o maior custo da Easy Taxi. Fechamos novos parceiros de campanhas para promoções e trabalhamos mais com campanhas virais. Adequamos o investimento à situação do país. Planejamos atingir o ponto de equilíbrio antes do meio do ano.
Como a empresa tem se preparado para enfrentar a concorrência?
Focamos bastante em produto no fim do ano para oferecer duas novas ferramentas: estimar o valor da tarifa, colocando o destino no aplicativo quando for solicitar o táxi, e diminuir o tempo de espera.
Como você avalia a situação do Uber no Brasil?
Temos acompanhado toda a movimentação. Hoje o Uber não é um competidor legal, no sentido da legislação, mas a gente sabe que a lei pode mudar e que precisamos acompanhar de perto.
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