Nos últimos dois meses, o mercado de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) no Brasil ganhou dois grandes reforços. Primeiro a Xiaomi, em maio, que lançou produtos que variam entre aspiradores e patinetes. Depois a Positivo, em julho, que apresentou kits para a casa com lâmpadas, tomadas e câmeras inteligentes.
O movimento não acontece à toa no País. Afinal, ele surge no rastro do Plano Nacional de Internet das Coisas, sancionado pelo governo em julho. Assim, com ele, fica mais fácil de empresas compreenderem o modelo padrão adotado pelo País. E, por consequência, há mais segurança no setor.
“Antes do plano, era como se alguém entrasse no elevador e falasse para a ascensorista que não sabia em qual andar ir por estar no prédio errado. O que o plano fez foi indicar qual o prédio, o andar. Deu um padrão”, afirma Pietro Delai, manager da IDC para América Latina de Cloud & Software.
Assim, Xiaomi e Positivo começam a explorar com mais força esse mercado, indo além dos relógios e TVs. Para a IDC, até 2020, o ecossistema de IoT no Brasil deve alcançar uma receita de R$ 40 bilhões. “Passou da hora do País acompanhar o mundo. Estamos atrasados”, pontua Delai ao inova.jor.
Segurança das coisas
Quando apresenta seus produtos, a Positivo chama a atenção para a segurança. Apesar de ter lâmpadas e tomadas inteligentes, parece que o que faz brilhar os olhos da empresa brasileira são as câmeras, alarmes e sensores. Eles, em conjunto, compõem kits vendidos em lojas do varejo.
“Nos Estados Unidos, a onda de IoT começou com termostatos. E nós entendemos que, no Brasil, vai começar com a segurança”, disse Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de negócios de consumo da Positivo.
Segundo ele, pesquisa feita pela própria empresa indicou que mais de 80% dos brasileiros, de classe média, possuem preocupações com segurança. E que 60% do mercado brasileiro de IoT vai ser com foco único no segmento.
Aliás, para chegar com produtos atraentes, a empresa não trabalhou sozinha. Aliou-se ao Google, que embutiu inteligência artificial na linha. “Queremos produtos para cada área da casa inteligente”, diz Norberto.
Internet das coisas estrangeira
A Positivo, porém, não chega sozinha ao mercado. A Xiaomi, como ressaltado, apresentou uma linha completa em seu retorno ao Brasil, com produtos que variam enormemente entre si. Há robôs-aspiradores, lâmpadas, tomadas. Assim, é uma competidora de peso para a Positivo.
“Estamos trazendo mais de 100 produtos conectados. O brasileiro está pronto para essa mudança. Para a casa inteligente”, disse Luciano Barbosa, responsável pela empresa no Brasil, durante evento de lançamento.
De maneira mais discreta e com produtos mais convencionais, a LG também apresentou suas novas apostas na área de IoT no final de julho. A gigante sul-coreana apresentou a TV que serve como hub. Assim, por ela, é possível controlar objetos que tenham inteligência artificial embarcada.
Futuro
Pietro Delai, da IDC, ressalta que é de se esperar ainda mais movimentação no mercado de IoT. “A gente vê uma evolução interessante na área de TV inteligente no Brasil, mas podemos ir bem além”, afirma. “Tem muita coisa pra acontecer na área de vestíveis, segurança. Ainda mais com o Plano”.
O IoT Signals, estudo divulgado pela Microsoft no começo de agosto, indica que há um movimento global em direção à IoT. Em dois anos, empresas do setor de tecnologia acreditam que 30% de suas receitas virão da internet das coisas. Apesar de ser global, algo parecido pode acontecer no País.
“Assim como a internet, ninguém avisou que a IoT iria acontecer. Mas está aí, vindo com força para o mercado. Acredito que, em breve, termos a internet das coisas tão naturalizada em nosso ambiente, aqui no Brasil, que nem iremos percebê-la. O caminho está pronto”, finaliza Delai, da IDC.
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